USDA ajusta pouco previsão da safra de soja no Brasil, mas vê exportação recorde

Por Redação em 08/03/2024 às 16:10:07

Mantendo sua postura conservadora nas projeções de oferta e demanda de soja, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) promoveu um ajuste tímido nas estimativas de colheita para o Brasil em 2024/24.

Em relatório divulgado nesta sexta-feira, o órgão reduziu em 0,6% suas projeções para a safra brasileira na comparação com o mês passado, com uma colheita que deve atingir 155 milhões de toneladas. O número ficou muito aquém das estimativas de mercado. Analistas consultados pelo "The Wall Street Journal" esperavam uma produção 152,5 milhões de toneladas de soja.

No relatório, o USDA justificou suas projeções alegando que as condições adversas de clima no Paraná foram compensadas por um cenário mais favorável para as lavouras no norte do Rio Grande do Sul.

Também chamou a atenção o ajuste feito para as exportações brasileiras, que cresceram 3%, para um recorde de 103 milhões de toneladas.

A produção da Argentina se manteve inalterada em relação a fevereiro, com 50 milhões de toneladas.

Sobre os números de safra nos EUA, importantes para a formação de preço na bolsa de Chicago, não houve mudanças em relação ao último relatório. Assim, a produção ficou prevista em 113,34 milhões de toneladas; as exportações em 46,81 milhões e os estoques finais em 8,57 milhões.

As projeções para as reservas de soja vieram abaixo do esperado por analistas, que apostavam em 8,68 milhões de toneladas.

Diante desse cenário, os contratos mais negociados da soja, para maio, sobem 0,54% neste momento, para US$ 11,72 o bushel.

Sobre as previsões para o quadro global de soja, o USDA reduziu em 0,3% a estimativa de safra global, para 396,85 milhões de toneladas. A expectativa sobre exportação global aumentou 1,8%, para 173,61 milhões, enquanto as estimativas para os estoques finais caíram 1,5%, para 114,27 milhões de toneladas.

Milho

O USDA reduziu marginalmente sua previsão para a produção mundial de milho na safra 2023/24. De acordo com o relatório, serão 1,23 bilhão de toneladas nesta temporada, volume 0,2% inferior ao apontado há um mês, mas ainda 6% superior ao estimado para o ciclo anterior (2022/23).

Já as previsões para as exportações mundiais foram elevadas em 0,7%, para 202,27 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 12,3% ante 2022/23. Como resultado, as perspectivas do órgão americano para os estoques globais ao final do ciclo 2023/24 baixaram 0,8%, para 319,63 milhões de toneladas - avanço de 6% ante 2022/23.

Para o Brasil, a previsão do USDA é de uma produção de 124 milhões de toneladas, a mesma apontada há um mês e queda de 9,5% ante o estimado para 2022/23. As projeções para as exportações brasileiras também foram mantidas em relação ao apontado há um mês, em 52 milhões de toneladas, volume que, se confirmado, significará uma queda de 4,2% na comparação com 2022/23.

Em relação aos estoques finais do Brasil na safra 2023/24, o USDA aumentou em 3,4% uas previsões, para 6,17 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume representará uma queda de 46,2% em relação aos estoques finais estimados para 2022/23.

As previsões para os EUA, por sua vez, foram mantidas com uma produção esperada de 389,69 milhões de toneladas (aumento de 12,4% na comparação com 2022/23), exportações de 53,34 milhões de toneladas (crescimento de 26,4%) e estoques finais de 55,17 milhões de toneladas (61,2% maior que o estimado para 2022/23).

No caso do Ucrânia, país que ainda enfrenta instabilidades devido à guerra com a Rússia, a previsão do USDA é de uma produção de 29,5 milhões de toneladas, 3,3% menor que o apontado há um mês, mas 9,25% superior ao estimado pra a safra 2022/23.

As exportações foram projetadas em 24,5 milhões de toneladas, 6,5% maior que o apontado há um mês e queda de 9,7% em relação a 2022/23, com estoques finais de 2,82 milhões de toneladas, volume 47% inferior ao apontado há um mês e bem próximo das 2,8 milhões de toneladas estimadas para o final do ciclo 2022/23.

Trigo

O USDA elevou sua estimativa para a produção mundial de trigo em 2023/24 em 1 milhão de toneladas, para 786,7 milhões de toneladas. O órgão americano afirma que fez uma revisão para cima nos dados da Austrália, Rússia e Argentina, que compensaram reduções previstas para a União Europeia e Sérvia.

Apesar do aumento na estimativa de produção, também haverá maior consumo, graças ao uso do trigo em ração animal. O USDA prevê agora 799 milhões de toneladas de uso na safra, na comparação com 797,5 milhões anteriormente.

Os estoques finais foram revistos para baixo em 0,24%, o que é favorável aos preços. A previsão é que o mundo tenha 258,83 milhões de toneladas do cereal no fim da safra.

O USDA elevou a estimativa de produção da Rússia - maior fornecedor mundial de trigo - em 500 mil toneladas, para 91,5 milhões de toneladas. No mesmo volume aumentou a projeção para a Austrália em 26 milhões.

Sobre a Argentina, país que mais oferta trigo ao Brasil, o USDA aumentou a previsão de colheita de 15,5 milhões para 15,9 milhões de toneladas.

A produção brasileira foi mantida em 8,1 milhões de toneladas.

Sobre o mercado americano, que baliza os preços em Chicago, o USDA manteve a estimativa de produção em 2023/24 em 49,31 milhões de toneladas. Em compensação, aumentou a previsão de estoques finais em 2,23%, para 18,3 milhões de toneladas.

Apesar disso, neste momento, os traders focam mais na redução dos estoques mundiais. Dessa forma, os lotes mais negociados de trigo sobem 1,48%, a US$ 5,285 o bushel.

Algodão

Os Estados Unidos devem produzi menos algodão e manter as exportações previstas anterioremente, segundo o novo relatório do USDA. O impacto sobre a projeção mundial não será expressivo, porque outros players como Índia e China deverá equilibrar as cifras.

O USDA voltou a reduzir a estimativa de produção norte-americana da pluma na safra 2023/24 para 2,63 milhões de toneladas. Se a estimativa for confirmada, a queda será de 2,7%. Os embarques nos Estados Unidos, um dos principais produtores da pluma no mundo, devem se manter em 2,68 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento.

A despeito das projeções de queda para a safra americana, os preços caem mais de 4% neste momento na bolsa de Nova York, com a pluma cotada a 95,28 centavos de dólar por libra-peso, mas respondendo à ajustes técnicos após subirem 4,20% na última sessão.

Já a produção mundial da pluma, por sua vez, deve ficar em 24,59 milhões de toneladas. Apesar de aumentar a projeção, se ela se confirmar, a alta será de apenas 0,1%. Índia e China produzindo mais equilibram a 'balança' e compensam as quedas previstas nos Estados Unidos.

A colheita da pluma na Índia deve ficar em 5,55 milhões de toneladas, um aumento previsto de 2%, segundo o USDA. Os embarques aumentam para os dois países asiáticos: no caso da Índia, a projeção de aumento é de 25%, podendo atingir 43,54 mil toneladas.

Enquanto na China, as projeções se mantém. A colheita pode atingir 5,99 milhões de toneladas e as exportações devem permanecer em 1,09 mil toneladas, de acordo com a comparação mensal do USDA.

As projeções nos player asiáticos também compensam as exportações globais podem ter um incremento de 0,9%, para 9,42 milhões de toneladas, segundo os dados do USDA mapeados até 1 de março.

Com as novas estimativas, a entidade também prevê uma queda de estoques globais em todos os países analisados.

No Brasil, em comparação com o relatório anterior, de 1º de fevereiro, o USDA manteve as projeções de produção e exportação, que devem ficar, respectivamente, em 3,17 milhões de toneladas e 2,44 milhões de toneladas.


Fonte: Globo Rural

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