Tecnologia permite ampliar a aplicação de defensivos biológicos nas lavouras por meio de drones

Por Redação em 08/11/2020 às 11:15:42

Casamento de duas tecnologias já existe há algum tempo, mas agora é possível também pulverizar produtos microbiológicos. Economia de tempo é o grande trunfo. Tecnologia permite ampliar a aplicação de defensivos biológicos nas lavouras por drones

Um problema comum dos agricultores é a quantidade de pragas e doenças que atacam a plantação, seja nas grandes ou pequenas culturas.

E para aumentar a eficiência na aplicação, os produtores têm encontrado no drone – também conhecido como veículo aéreo não tripulado (Vant) – um grande aliado no controle desses inimigos.

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O Brasil tem hoje mais de 78 mil drones cadastrados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Do total, pouco mais de 1.400 são utilizados em atividades agropecuários.

O uso dele na agricultura não chega a ser novidade, já é utilizado para mapear propriedades e monitorar pragas, mas agora ele também é capaz de fazer o controle delas com diversos defensivos biológicos.

Antes, era possível distribuir insetos, inimigos naturais dos alvos, pelos drones, os chamados macrobiológicos. Agora, é possível também espalhar fungos e bactérias pelos talhões na forma líquida, que é a aplicação dos microbiológicos.

Tempo é dinheiro

Uma das principais vantagens da aplicação de microbiológicos com a ajuda dos drones é o tempo que o produtor ganha.

A conta é bem simples. Por exemplo, um trabalhador com o aplicador manual demora até 5 dias para tratar 1 hectare. Com o trator, a mesma área é pulverizada em até 3 horas. Já o drone faz o mesmo trabalho na mesma área em 30 minutos.

Além da economia de tempo, o consumo de água também é menor. Isso porque o líquido aplicado é mais concentrado do que dos pulverizadores tradicionais.

O empresário Nei Brasil é o fundador da companhia que desenvolveu esse tipo de drone. O trabalho começou em 2005, mas foi só em 2017 que resolveu aposta no mercado agrícola.

A empresa não vende o equipamento, mas, sim, o serviço de aplicação e, para isso, existe uma plataforma na internet.

Lá, o produtor rural acessa e agenda a pulverização. Um piloto da empresa faz todo o trabalho, são 61 profissionais e equipamentos disponíveis.

Depois do produto ser aplicado no campo, o agricultor recebe um relatório e, após conferir, paga a conta, que varia de R$ 200 a R$ 300 por hectare.

Os defensivos biológicos

"A natureza é repleta de inimigos naturais, se a gente for buscar, no solo brasileiro, nas culturas, a gente vai encontrar uma diversidade extremamente grande de inimigos naturais", explica Italo Delalibera Júnior, pesquisador da escola de agronomia da USP, a Esalq.

"Então, a gente estuda isso e transforma em uma tecnologia. Seria, basicamente, produzir um microorganismo e aplicar ele com um produto semelhante ao que se faz com produto químico", acrescenta o agrônomo.

Os pesquisadores classificam esses inimigos naturais em dois grupos, como dito acima: os macro, que são basicamente os insetos; e os micro, que são fungos, vírus e bactérias. Essa dupla compõe o chamado controle biológico.

"A gente costuma dizer que é a natureza controlando a própria natureza. Todo inseto, toda praga, toda doença de planta possui um inimigo natural: um outro agente que vai naturalmente controlar ele no campo", diz o biólogo Luciano Zappelini.

O Brasil tem, atualmente, cerca de 265 produtos biológicos autorizados para a utilização nas lavouras. Há 10 anos, esse número era de apenas 21.

Livre para todas as culturas

A aplicação dos pesticidas microbiológicos por drone pode ser feita em qualquer cultura, mas, por enquanto, ela só foi testada na produção de hortaliças

Desde novembro do ano passado, um drone visita a hora do agricultor Marcio Hasegawa. Toda semana, o equipamento aplica os defensivos em um hectare de couve-manteiga.

"Eu acredito que trazer essa tecnologia, só pela questão da alta produtividade, mas principalmente pela sucessão. Eu creio que os jovens virão com essa tecnologia, aquele que não se adaptar, não terá mais mão de obra", diz Hasegawa.

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Fonte: G1

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