BrasilAgro registra perda de R$ 30 milhões

Por Redação em 09/05/2024 às 08:13:33

Ao enfrentar uma colheita de soja e milho menor e uma queda nos preços de referência dos grãos, a BrasilAgro sofreu perdas financeiras no seu terceiro trimestre fiscal, encerrado em 31 de março. Mas a estratégia de segurar a comercialização dos produtos mitigou o prejuízo, que poderia ter sido maior, segundo a empresa.

A empresa de produção de grãos e de terras teve prejuízo líquido de R$ 30,15 milhões, na comparação com o resultado também negativo de R$ 3,3 milhões no terceiro trimestre de 2023. A margem líquida recuou 22 pontos percentuais, para -23%.

A receita líquida caiu 36%, para R$ 127,8 milhões na comparação anual. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 5,6 milhões — um ano antes, o Ebitda foi de R$ 44,2 milhões. A margem Ebitda caiu 14 pontos percentuais, a 4%.

"Todo resultado reflete uma decisão acertada ou errada. Olhando os números, parece ruim, mas poderia ter sido pior", disse André Guillaumon, CEO da BrasilAgro.

Segundo ele, no fim da colheita nas propriedades da empresa, o prêmio de soja estava em R$ 0,80 negativo por saca. Em fevereiro e março passou para R$ 0,60 também negativo. "Seguramos as vendas, carregamos tudo e pensamos em vender só no segundo semestre", disse Guillaumon.

A situação mudou em abril, quando o prêmio virou e ficou R$ 0,20 positivo. "Começamos a vender agora, mas isso será refletido no próximo trimestre", completou. Levando em consideração a expectativa de safra de 200 mil toneladas, só essa diferença de prêmio pode gerar um ganho de R$ 30 milhões. Com essa estratégia, a empresa tinha em 31 de março cerca de 140 mil toneladas de soja em estoque físico.

Já no mercado de derivativos, a BrasilAgro travou o preço de 80% da expectativa de colheita da soja, como hedge, com preço médio de US$ 13,05 o bushel e dólar a R$ 5,35. No caso do milho de verão, a empresa decidiu reduzir a área de plantio em 60% devido à queda dos preços e a produção foi 68% menor que em 2022/23. Até 31 de março, 55% da produção estava protegida com operações de derivativos.

A safrinha de milho está nos campos com boas perspectivas, disse Guillaumon. Mas a empresa também reduziu a área de cultivo — em 47% — e a colheita deve ser 40% menor. De qualquer forma, os resultados da safrinha não aparecem no terceiro trimestre.

Os números da cana e do algodão cultivados pela empresa também ainda não aparecem nesses resultados trimestrais.

"Temos expectativa muito positiva com a área de pivôs de algodão na Bahia e, nesse caso, já comprometemos 50% da safra física", disse o executivo. No mercado futuro, a BrasilAgro travou 80% da estimativa de colheita a 82,28 centavos de dólar a libra-peso e dólar a R$ 5,61.

A BrasilAgro anunciou a venda de 12,3 mil hectares da Fazenda Chaparral (BA) em 26 de março. Mas, como a posse da terra não foi entregue, o valor de R$ 364,5 milhões não entrou no resultado trimestral. "Estamos terminando a colheita de algodão antes de entregar a posse, mas o dinheiro da primeira parcela já está em caixa", afirmou Gustavo Lopez, diretor financeiro da companhia.

Apesar de distante, os executivos avaliam que a próxima safra será mais rentável. Salvo por problemas climáticos, as perspectivas são de custos menores. No fim de março, 85% do cloreto de potássio necessário para a empresa estavam comprados, com um custo entre 15% e 20% menor do que na safra 2023/24.

"Eu sempre disse que a margem Ebitda do nosso negócio fica em torno de 35%. Na pandemia foi para 50%, depois caiu a 17%. Na próxima safra, deve voltar ao normal", disse Guillaumon.

Fonte: Globo Rural

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