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Menos herbicidas, economia de água, produtividade: como robôs otimizam pulverização e controle de pragas

Por Redação em 02/05/2024 às 07:39:48

O mercado global de robôs voltados para a agricultura deve movimentar bilhões de dólares nos próximo anos, segundo especialistas, com funções essenciais como mapeamento de campo e controle de ervas daninhas. Para companhias brasileiras que apostam nesse nicho de mercado, essa revolução tecnológica tem mostrado seus primeiros resultados positivos.

É o caso da Solinftec, empresa de Araçatuba (SP) que recentemente aumentou em 120% sua equipe de robótica e há dois anos colocou no mercado o Solix. Graças ao aprendizado de máquina, a plataforma 100% movida a energia fotovoltaica pode "morar no campo" e cuidar sozinha de pelo menos 150 hectares com cultivo de grãos.

Além de fazer a pulverização apenas em pontos específicos, reconhecidos como ervas daninhas, o sistema dotado de câmeras inteligentes faz uma leitura das plantas para identificar pragas e, por meio de um feixe de luz utilizado à noite, as elimina sem uso de inseticidas.

"Ele vai tirar informação todo dia, fazer o que precisa ser feito, reduzindo herbicida, incrementando produtividade, reduzindo acesso a erro humano", explica Bruno Pavão, chefe de operações robóticas da empresa.

Na Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do país que acontece em Ribeirão Preto (SP) até sexta-feira (3), o grupo divulgou os primeiros números obtidos com a aplicação do sistema em seis fazendas espalhadas por São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Bahia, e que reforçam a ideia de que, mais que uma tendência, a robotização no campo já é uma realidade.

Na comparação com áreas dentro dessas mesmas propriedades onde foram mantidos métodos convencionais, os resultados mais importantes, segundo a empresa foram:

redução de 93% no uso de herbicidas, ou seja de 80 mil litros de produtos químicos;

incremento médio de 8,6 sacos por hectare na soja devido a um maior crescimento das plantas;

aumento de 13% na quantidade de vagens por planta;

redução de 80% do uso de água para diluição dos herbicidas, ou seja, cerca de 90 mil litros;

70% das pragas retiradas das plantações sem aplicação de inseticidas.

Produtividade e economia

Por trás desses números, estão benefícios importantes, não só ambientais, como o incremento na produtividade. Isso porque, segundo Pavão, a planta no estágio inicial tende a metabolizar o herbicida, o que leva a uma pausa de sete a dez dias no processo de crescimento. Algo que não ocorre quando se deixa de aplicar o produto químico.

Essa aplicação seletiva também representa uma menor demanda por água, já que o herbicida precisa ser diluído.

"Ela fica com um crescimento vegetativo dela travado. O que quer dizer: ela não põe folha e não põe raiz, ou seja, ela não busca água nem adubo, e não faz fotossíntese. Quando eu aplico localizado, em vez de lavar o talhão inteiro, com todos os bicos abertos, e venho só fazendo pequenas micro aplicações, eu dou 93% de chance para o resto dessas plantas que estão lá não metabolizarem esse herbicida e conseguirem crescer", explica.

Os benefícios também são observados na capacidade de monitoramento da máquina. O "scouting" do Solix, segundo Pavão, permite ao produtor rural ter uma amostragem muito maior sobre as reais necessidades da lavoura, o que permite uma decisão mais assertiva sobre a adubação.

"Você tem um robô andando o tempo todo dentro da lavoura, dia após dia, pegando milhões de amostras. (...) A gente promoveu pela primeira vez uma mudança baseado nas informações que o robô pega para acertar essa questão de adubação. (...) É muito coisa, o ser humano não conseguiria fazer."

Esse monitoramento também garante uma leitura mais completa sobre as pragas que, por meio da técnica do feixe de luz, no período noturno, garantiu que 70% das áreas cultivadas não tivessem a aplicação de nenhum inseticida. Com menos produtos, reduzem-se as chances de haver seleção genética entre as pragas e a consequente resistência delas a esses defensivos.

"Uma molécula de inseticida demora de 7 a 10 anos para ser desenvolvida e levada para o mercado. Quando a resistência entra em dois anos, três anos, a molécula não tem mais efeito. Então você sempre está atrás na corrida. Aqui, a gente tem uma ferramenta que consegue ser eficaz no controle e que reduz absurdamente o efeito de seleção genética", afirma Pavão.

Fonte: G1

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