A Agrogalaxy, uma das empresas do segmento de distribuição de insumos agrícolas do país, teve prejuízo líquido de R$ 249,7 milhões no primeiro trimestre deste ano. A perda foi 158,3% maior do que a que a companhia teve no mesmo período de 2023.
Na mesma base de comparação, o lucro da companhia antes de impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em sua sigla em inglês) ajustado passou de R$ 58,6 milhões para R$ 95,1 milhões negativos. A receita líquida, por sua vez, caiu 42,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2023, somando R$ 1,59 bilhão.
Segundo o presidente da empresa, Axel Labourt, os agricultores estão esperando o momento ideal para realizar pedidos de insumos, antecipando as compras de defensivos "o mínimo possível", enquanto aguardam a melhora dos preços de produtos importantes, como a soja. Assim, o trimestre, que sazonalmente já é mais fraco para a empresa, acabou sendo pior que o do ano passado.
A estimativa da companhia, que é controlada pelo fundo Aqua Capital, é de que os produtores tenham investido 30% a menos na safrinha 2023/24 em comparação com a de 2022/23. Isso "evidencia a cautela e a necessidade de se ajustar as estratégias de negócios diante das condições econômicas atuais", disse o executivo a jornalistas. Além disso, acrescentou, a área de cultivo teve uma redução de 9%.
A Agrogalaxy concluiu em fevereiro o processo de redimensionamento da empresa, que gerou economia de R$ 40 milhões, segundo Labourt. Como parte desses ajustes, 600 pessoas deixaram a companhia nos últimos 12 meses.
Ao comentar seus resultados, a companhia destacou a queda de 4,6 pontos percentuais, para cerca de 25%, da parcela dos fertilizantes no total das vendas e um aumento de 3,3 pontos percentuais no segmento de especialidades, que passou a responder 11,5% da comercialização.
Os pedidos via barter — troca de insumos por grãos — cresceram mais de 60% no primeiro trimestre na comparação com os três primeiros meses de 2023, o que indica que os recebíveis futuros associados a esses pedidos deverão aumentar. A companhia acredita que, dada a perspectiva para relação de troca, principalmente na soja , mas também no milho, o produtor terá a tendência de fechar os pedidos em contratos de barter.
A empresa diz que os pedidos nesse modelo de compra de insumos têm sido mais rentáveis para seus negócios. Os executivos da companhia destacaram ainda que, quando há produtores afetados por problemas climáticos, a empresa avalia caso a caso para fazer a renegociação e a eventual recondução a novos contratos.
Na última semana, a empresa revelou a captação de R$ 400 milhões, ampliando o patrimônio de seu fundo de recebíveis para mais de R$ 1 bilhão. "A gente deu um passo importante, e nosso movimento agora é utilizar esses recursos, mas estamos abertos a conversas para aportes de outros investidores", disse o diretor financeiro Eron Martins.
Fonte: Globo Rural