Programa busca startups de agricultura regenerativa

Por Redação em 27/02/2024 às 14:23:12

Em sua sexta edição, o Programa Soja Sustentável do Cerrado busca startups que atuem com agricultura regenerativa, descarbonização, pagamentos por serviços ambientais e outras soluções que agreguem valor à floresta em pé. As empresas escolhidas — que devem contribuir para a conservação da vegetação nativa no bioma — poderão receber investimentos de até US$ 50 mil a fundo perdido.

"Queremos apoiar soluções inovadoras que promovam a agricultura sustentável em um dos três grandes biomas do país", afirma Ashley Valle, diretora do Land Innovation Fund, responsável pelo programa junto com o hub PwC AgTech Innovation (antigo Agtech Garage). As inscrições para participar do programa terminam na sexta–feira (1/03).

Além do possível investimento, a organização do programa avalia que a rede de mentores, técnicos e produtores parceiros do projeto também agregam valor à experiência dos empreendedores. "Há troca de ideias e cooperação, além de uma interface crítica com o usuário final dessa tecnologia", diz ela.

Dirceu Ferreira Júnior, diretor de operações do hub de inovação para o agronegócio da PwC, afirma que é preciso conciliar a produção de alimentos no Cerrado com o respeito ao ambiente, para que países importadores olhem o Brasil como um bom parceiro. "A tecnologia é o que pode mudar o jogo e dar suporte nessa jornada da produção sustentável", afirma, em entrevista à reportagem.

Segundo ele, ainda que o mercado de créditos de carbono esteja em fase de regulamentação no país, os efeitos colaterais positivos da agricultura regenerativa já fazem sentido para os produtores rurais, porque há compradores que valorizam produtos sustentáveis, além de bancos e seguradoras que oferecem crédito e seguro mais em conta para essas fazendas.

O Programa Soja Sustentável do Cerrado conta com apoio estratégico da Cargill, CPQD (instituto de pesquisa na área de telecomunicações), Embrapa e Embrapii. Ao longo das cinco edições, a primeira na safra 2020/21, 28 startups trabalharam em 18 projetos para mudar a forma como se produz no Cerrado. Essas agtechs receberam US$ 480 mil em investimentos e apoio técnico no período.

A agtech Sintropica Capital Natural participou do programa no ano passado. A startup nasceu enquanto Fernando Henrique de Sousa pesquisava incentivos para a agricultura regenerativa. A empresa envolveu-se no projeto que culminou na primeira Cédula de Produto Rural Verde (CPR Verde).

Durante o programa, a startup desenvolveu, em parceria com o CPQD e o Mapbiomas, um algoritmo capaz de mapear áreas de mata nativa não florestais, como as savanas e os campos comuns no Cerrado. Hoje, atua como consultora junto às secretarias de Meio Ambiente de São Paulo e Paraná no desenvolvimento de programas governamentais que estimulem a agricultura sustentável.

Com um time enxuto de seis pessoas, a startup recebeu um aporte de cerca de R$ 250 mil do fundo, mas aproveitou os contatos feitos durante o projeto para realizar uma rodada de investimento concomitante, elevando o total captado para R$ 1 milhão. "A gente pretende rodar esse algoritmo na próxima safra, e estamos desenvolvendo um MVP [produto mínimo viável] para ter uma ideia melhor do valor da nossa operação. Depois, devemos abrir uma nova rodada", afirma Sousa.

Fonte: Globo Rural

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