Máquinas agrícolas passam por revolução tecnológica

Por Redação em 21/01/2024 às 11:03:07

O presidente mundial da AGCO, Eric Hansotia, acredita que, nos próximos dez anos, a indústria de máquinas agrícolas vai passar pela maior revolução da sua história. Nesse período, as fabricantes deverão intensificar a criação de equipamentos que não só aumentem a produtividade das lavouras como utilizem combustíveis renováveis.

A avaliação é de Hansotia, mas outros executivos do segmento fazem leitura parecida. Todas as grandes fabricantes têm previsto um futuro com equipamentos autônomos, conectividade em tempo real, mais eficiência e robustez e menos emissão de poluentes.

As perspectivas são de evolução tecnológica, mas, no caso do Brasil, a falta de acesso à internet nas zonas rurais e o alto preço das máquinas que devem chegar ao mercado continuam a ser entraves para a disseminação dessas tecnologias. "O produtor paga apenas se tiver garantia de que as máquinas têm robustez. Afinal, temos locais com três safras dentro de uma", diz o consultor de mercado Carlos Cogo. O levantamento cada vez mais minucioso de dados é outro fator de preocupação dos produtores, já que 69% das fazendas brasileiras não têm acesso à internet.

Em laboratórios e fábricas do mundo todo, o esforço por inovação é constante. A seguir, conheça alguns exemplos de superequipamentos que são protagonistas da transformação tecnológica no campo.

Durante a Agritechnica 2023, realizada em novembro em Hannover (Alemanha), a New Holland apresentou aos visitantes a maior colheitadeira do mundo. A CR 11 é uma atualização da CR 10.90, que até então detinha o recorde de produção, com 797 toneladas de trigo colhidas em oito horas. A nova máquina pode fazer mais de 100 operações de forma autônoma. Produzida na Bélgica,a colheitadeira será vendida inicialmente nos mercados europeu, americano e australiano, mas já está em teste no Brasil.

A Case IH prevê que o trator mais potente do mundo chegará ao Brasil em 2024. O Quadtrac AFS Connect 715 tem motor que oferece potência máxima de 778 cv, ou 20% a mais do que o segundo trator mais potente do mercado. Em vez de rodas, o gigante é equipado com esteiras longas, que melhoram a distribuição do peso e reduzem o impacto no solo.

A Massey Ferguson lançou a nova série de tratores MF 9S, com seis modelos, que têm potência entre 285 cv a 425 cv. Com chegada ao Brasil prevista para 2025, o maquinário reduz as vibrações e os ruídos da cabine. Segundo a fabricante, o motor AGCO Power de 8,4 litros de seis cilindros com turbo único e controle de emissões Stage V simples reduz custos de uso e melhora estabilidade, tração e produtividade.

Para atender à demanda por redução de emissões de gases e também de ruídos, a Fendt lançou o Fendt 1167 V Vario, um trator elétrico de bitola estreita movido a bateria que foi projetado para operações em espaços fechados, como estufas. A máquina tem uma capacidade de bateria de 100 kWh, o que corresponde a um tempo de operação de quatro a sete horas. Ainda não há previsão de lançamento do trator no mercado brasileiro.

Já disponíveis no Brasil, os pulverizadores da Valtra Série R têm alta tecnologia e o maior vão livre do mercado (1,65 m). Suas barras também têm recirculação, o que melhora a capacidade de manter a mistura homogênea e a ação de um sistema de limpeza automático, em que o operador realiza o processo sem precisar sair da cabine. A Série R conta ainda com sistema de telemetria para monitoramento avançado e duas câmeras, que permitem a identificação e solução imediata de imprevistos, como um bico de pulverização entupido.

A alemã Nexat criou o que alguns visitantes da Agritechnica 2023 disseram que pode ser o equipamento mais ousado dos últimos tempos: um trator que planta, colhe e faz outros trabalhos na lavoura. A máquina tem um transportador intercambiável de grande envergadura, acionado eletricamente. Em dez minutos, a plantadeira vira pulverizador, tudo de forma autônoma. Hoje, há 13 unidades em operação no mundo. A máquina deverá chegar ao Brasil em 2024.

Com a tecnologia desenvolvida pela ASA Automation, espaço já não é crucial para plantar frutas e hortaliças. Os alimentos não se desenvolvem no solo, mas sim em redes de plástico. O sistema automatizado integra- se com a esteira que carrega as mudas entre cada uma das cabines. A tecnologia, que permite oferecer o volume ideal de nutrientes, água e exposição ao LED para cada planta, conseguiu reduzir em 18% o tempo de cultivo em comparação com métodos de agricultura vertical que já existem.

A John Deere anunciou na Agritechnica 2023 o conceito de um motor a etanol de 9 litros, um projeto que se destina totalmente ao mercado brasileiro, em que o uso de etanol nos veículos de passeio já está consolidado. A ideia da empresa é testar o motor no primeiro ano e, em mais um ou dois anos, lançar no mercado um trator movido a biocombustível e também autônomo.

A Tevel desenvolveu robôs voadores que realizam colheitas nos pomares de maneira autônoma e precisa. Já em atividade no Chile, Estados Unidos, Itália e Israel, o equipamento utiliza inteligência artificial avançada com algoritmos de aprendizagem para selecionar e colher as melhores frutas, sem causar danos ao alimento, preservando a qualidade e o sabor.

A francesa Kuhn apresentou na Agritechnica 2023 a Karl, máquina 100% autônoma diesel-elétrica com potência de 175 cv, que pesa mais de 10 toneladas. Projetada para atender às demandas de fazendas de diferentes portes, a máquina consegue detectar problemas e adotar ações de correção de modo independente.

Graças ao sistema RTK integrado ao GPS, que permite enviar atualizações instantâneas dos sinais de satélites, o Oz, robô da Naïo Technologies, movimenta-se com alta precisão. O "assistente agrícola", projetado para estufas e fazendas de pequeno porte, tem autonomia de bateria de oito horas e é 100% elétrico. O equipamento semeia, abre sulcos no solo e capina.

Fonte: Globo Rural

Comunicar erro

Comentários