Tecnologia vira aliada da irrigação no combate à seca

Por Redação em 19/12/2023 às 17:12:31

Diante das secas severas em várias regiões, reflexo de mudanças no clima, empresas de irrigação buscam soluções automatizadas para mitigar o efeito nas lavouras. É o caso da Bauer do Brasil, que criou um sistema que utiliza inteligência artificial generativa para reduzir o impacto das intempéries no campo.

A companhia desenvolveu um "Chat GPT" da água, que funciona como um assistente do uso de recursos hídricos. Por enquanto, a ferramenta fornece respostas para dúvidas dos produtores sobre irrigação e uso da água, como um consultor digital da Bauer. O robô também dá dicas e monta orçamentos de projetos de irrigação a partir das dúvidas dos agricultores, segundo Rodrigo Parada, diretor da empresa.

Este mês, uma versão beta estará disponível para avaliar a aceitação da novidade entre os clientes da Bauer. Para que os clientes o utilizem, é necessário fazer uma assinatura do Chat GPT da Bauer, que por enquanto está embutida no custo de assistência técnica da empresa.

Com a validação da versão beta da ferramenta, o serviço poderá ser vendido de forma isolada no exterior e se tornar uma alavanca de resultados da companhia. A Bauer do Brasil já caminha para encerrar este ano com faturamento que ultrapassará os R$ 500 milhões, três vezes mais do que em 2022.

O assistente virtual foi batizado de Rudolf Bauer, nome que faz referência à origem da unidade matriz do grupo, a Áustria. A unidade brasileira desenvolveu o assistente em parceria com a Will-bot, plataforma que possibilita o atendimento automatizado via WhatsApp por meio dos dados fornecidos pelo ChatGPT, da Open AI.

Para a empresa, a falta de água não será resolvida apenas com barragens e bolsões de armazenagem. "Precisamos de ferramentas que controlem a eficácia do uso de água por meio de tecnologias que já existam", afirma Parada.

A israelense Netafim também mira em soluções tecnológicas. Deste ano até 2026, a companhia vai investir R$ 40 milhões para automatizar a criação de projetos de irrigação para produtores a partir sensores e imagens de satélites.

A empresa vê potencial para ampliar o uso da irrigação por gotejamento no Brasil, sistema em que é especializada. A maior aposta é em Estados como Mato Grosso, onde a seca está exigindo mudanças de manejo.

Em Israel, a empresa foi criada dentro de um kibutz para driblar a escassez de água típica do clima árido. Coração do negócio da Netafim, a irrigação de precisão é feita por meio de mangueiras que distribuem a água em gotas junto com o adubo em um sistema de fertirrigação.

O modelo não é novo, mas se destaca por economizar água. Isso fez com que, nos últimos dois anos, a empresa ampliasse os negócios envolvendo culturas de soja e milho no Centro-Oeste.

Embora não revele números regionais, Ricardo Almeida, presidente da Netafim no Brasil, estima que, sozinha, a região já represente 20% do faturamento global, que passou do US$ 1 bilhão no ano passado.

Lineu Rodrigues, pesquisador da Embrapa Cerrados, afirma que, além da demanda dos produtores por causa do clima, há ainda uma pressão externa para que os cultivos sejam mais eficientes no uso dos recursos hídricos, com exigências ambientais crescentes de países para onde o Brasil exporta. Para ele, é preciso de tecnologia para explorar mais a água na irrigação, mas de forma "inteligente".

E o desafio é maior em regiões com estações chuvosas mais delimitadas. "No Cerrado, que representa 24% do nosso território, a água é um recurso temporal, com abundância em um período do ano e escassez em outro", diz.

O Brasil tinha 8,2 milhões de hectares com irrigação em 2021, segundo dado mais recente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que consta no último Atlas da Irrigação. A agência prevê que o país deve ampliar a área irrigada em mais 4,2 milhões de hectares até 2040.

Fonte: Globo Rural

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