Por críticas a Bolsonaro, professores da UFPel são notificados pela CGU e assinam acordo

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Um dos alvos é o epidemiologista Pedro Curi Hallal, crítico à atuação do presidente na pandemia A Controladoria-Geral da União (CGU) notificou dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que criticaram o presidente Jair Bolsonaro durante uma "live". A notificação foi feita após denúncia do deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS).

Para não serem alvos de processo administrativo, que poderia levar até à demissão, os dois professores decidiram assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o órgão.

Um dos alvos é o ex-reitor da UFPel Pedro Curi Hallal, que é epidemiologista e tem criticado a atuação de Bolsonaro no combate à pandemia de covid-19. O outro é o professor Eraldo dos Santos Pinheiro.

Pedro Curi Hallal, então reitor da UFPel, em Live do Valor de junho de 2020

Reprodução/Youtube

O Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira registra que os docentes assinaram o TAC porque proferiram "manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao presidente da República", quando se pronunciavam "durante transmissão ao vivo de live nos canais oficiais do Youtube e do Facebook da instituição" em 7 de janeiro.

Para a CGU, os canais virtuais podem ser considerados "local de trabalho", "por ser um meio digital de comunicação online disponibilizado pela universidade".

Na ocasião, os dois professores participaram de uma transmissão em que criticaram a decisão de Bolsonaro de nomear o segundo lugar na lista tríplice, a professora Isabela Fernandes Andrade, como reitora da UFPel.

Em sua fala, Hallal afirmou que quem "tentou dar um golpe na comunidade foi o presidente da República" e chamou Bolsonaro de "presidente com 'p' minúsculo".

Em nota, a CGU afirmou que o "TAC é um instrumento de natureza consensual, não possuindo, pela sua própria natureza, qualquer caráter punitivo".

Hallal disse ao Valor que, depois de conversar com seus advogados, decidiu assinar o termo para arquivar o procedimento. "Obviamente que esse processo não fará com que eu deixe de emitir as minhas opiniões científicas sobre a vergonhosa condução da pandemia no país", afirmou.