Embrapa valida diretrizes para a produção da Carne Baixo Carbono

Por Redação em 20/03/2024 às 13:52:14

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) validou as diretrizes técnicas para a produção de Carne Baixo Carbono (CBC) no país. Uma pesquisa conduzida pela estatal em uma fazenda na Bahia comprovou que as boas práticas de manejo de solo, pastagens e animais são capazes de mitigar a emissão de gases de efeito estufa mesmo em sistemas produtivos sem a presença de árvores.

Os experimentos foram realizados durante dois ciclos de produção pecuária de corte, entre 2019 e 2021, no oeste baiano. As áreas foram usadas para recria e terminação de machos da raça Nelore.

A pesquisa considerou oito parâmetros técnicos: a densidade do solo, o estoque de carbono e a qualidade do solo, a disponibilidade da forragem e a cobertura do solo, o ganho de peso médio diário dos animais, o ganho de peso por área dos animais e as emissões entéricas.

Márcia Silveira, pesquisadora que coordenou o trabalho, disse que a implantação do protocolo garante produtividade e qualidade da carne, de forma a aumentar a lucratividade do produtor, sem abrir mão da manutenção ou aumento do estoque de carbono do solo e da mitigação da emissão de GEE, além de reduzir a pressão sobre a vegetação nativa.

"É mais um passo na busca pela eficiência produtiva que leva em conta a qualidade do produto e do seu ambiente de produção", destacou, em nota.

"Os resultados indicam que a implementação do protocolo CBC proporciona maior produção por área de carne, com aumento da lucratividade", destacou Mariana Aragão, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, no comunicado.

Pesquisa

A área da pesquisa na Fazenda Santa Luzia, pertencente à Fazenda Trijunção, localizada entre os municípios de Cocos e Jaborandi, na Bahia, foi composta por dois talhões, além de uma área de vegetação nativa do Cerrado. O primeiro talhão, com manejo convencional, tinha 115 hectares plantados com a forrageira Brachiaria brizantha cv. Marandu, divididos em quatro piquetes. O segundo talhão, de pastagem recuperada, com Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, contou com 85 hectares, também divididos em quatro piquetes e manejado segundo as diretrizes técnicas para produção de CBC.

Em relação ao componente forrageiro, os valores da massa de forragem foram superiores em quase dois mil quilos por hectare de matéria seca no protocolo do CBC na comparação ao tratamento convencional. A cobertura de solo também foi maior, acima de 80%.

Na perspectiva ambiental, o sistema de produção CBC propiciou boa cobertura do solo, que impactou na manutenção do estoque de carbono, na mitigação da emissão de gases de efeito estufa, além de promover o efeito poupa-terra e a resiliência do sistema de produção, disse Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte e líder da Plataforma Pecuária de Baixo Carbono, em nota.

Apesar de os ganhos médios diários de peso por animal terem sido semelhantes, em torno de 400 gramas por dia, em média, no tratamento CBC foram registrados maiores ganhos por área em função da possibilidade de trabalhar com maiores taxas de lotação. Foram 2,33 e 2,77 unidades animal por hectare nos dois ciclos de avaliação do CBC e 0,89 e 0,70 unidades animal nos dois ciclos de manejo convencional. "Esses maiores ganhos por área não proporcionaram aumento de intensidade de emissão de metano entérico", disse a Embrapa, em nota.

"Quanto à visão econômica, as análises comprovaram maior lucratividade do CBC em comparação ao manejo convencional, devido à maior produção por área ao longo do período analisado e, na segunda safra, à possibilidade dos animais CBC terem alcançado o peso mínimo de entrada no confinamento e, posteriormente, terem sido abatidos", apontou a estatal.

A validação serve como modelo de certificação da marca-conceito CBC a exemplo do que já ocorreu com a Carne Carbono Neutro (CCN), protocolo criado em 2020 para ser usado em sistema com árvores, como silvipastoris e agrossilvipastoris, em que o componente florestal é responsável pelo sequestro de carbono para compensar as emissões dos animais. O protocolo estará disponível para os produtores ainda em 2024 na plataforma Agri Trace Rastreabilidade Animal, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Fonte: Globo Rural

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