Tecnologia permite "guiar" trator a 2 mil km de distância

Por Redação em 16/01/2024 às 16:32:31

Cerca de dois mil quilômetros separavam um trator da John Deere, em Austin, no Estado americano do Texas, do celular usado para controlá-lo, em Las Vegas, no Estado de Nevada. Com um clique no aplicativo, a máquina interrompia ou retomava o percurso traçado para o preparo do solo em uma lavoura. O estande da companhia americana chamou a atenção de curiosos durante a CES, maior feira de eletrônicos de consumo do mundo, semana passada.

A companhia americana acelerou o desenvolvimento dessa tecnologia após a compra da startup Blue River, em 2017, por cerca de US$ 300 milhões. Hoje, os testes envolvem dezenas de máquinas em sete Estados americanos. O objetivo é reunir um conjunto robusto de dados para aprimorar o modelo e torná-lo apto a reagir em ambientes diversos.

No futuro, essas máquinas serão capazes de fazer boa parte do trabalho de campo sozinhas. Caberá aos humanos traçar os planos de trabalho na lavoura e tomar decisões quando algo inesperado ocorrer, como o surgimento de um animal na frente da máquina, por exemplo. A expectativa é que, com isso, o agricultor reduza os custos com a operação e tenha mais tempo para outras atividades.

Segundo a gerente sênior de produtos autônomos da John Deere, Maya Sripadam, há centenas de profissionais envolvidos no desenvolvimento da tecnologia, tanto no Meio-Oeste, região produtora de grãos, quanto no Vale do Silício, berço de empresas de tecnologia. A expectativa da companhia é ter máquinas autônomas em campo até 2030, atendendo o produtor do plantio à colheita de grãos.

Em setembro, a AGCO acirrou a disputa pelo primeiro lugar na corrida pela autonomia ao anunciar a compra de fatia da Trimble, por US$ 2 bilhões, e a criação de uma joint venture. A parceria facilitará o acesso às tecnologias de automação e telemetria da Trimble para a AGCO, fabricante de máquinas agrícolas dona de marcas como Fendt e Massey Ferguson.

Segundo o diretor de tecnologia da John Deere, Jahmy Hindman, a AGCO busca uma integração vertical que a John Deere tem há mais tempo. "Já produzimos nosso próprio sistema de orientação, hardware e software, o que nos permite agregar valor para os clientes de uma forma que é difícil para quem não é integrada", disse.

As máquinas autônomas desenvolvidas nos Estados Unidos, em algum momento, chegarão aos outros mercados em que a John Deere atua, como o Brasil. No entanto, a falta de conectividade no campo no país será um desafio adicional para implementação dessa tecnologia — assim como tem sido para funcionamento pleno de outras soluções de agricultura de precisão.

Para resolver a questão, a John Deere trabalha em projetos junto a operadoras de telefonia para instalação de torres e infraestrutura nos rincões do país. Além disso, está fechando parcerias com provedores de internet via satélite para cobrir mais áreas. "Estamos muito perto de anunciar o que faremos para fornecer uma solução de conectividade", afirmou Hindman.

Estela Dias, gerente de marketing tático para tecnologias de precisão da John Deere Brasil, disse que a criação de um centro de desenvolvimento da John Deere em Indaiatuba (SP), previsto para começar a operar até o fim deste ano, permitirá que a companhia adapte mais rapidamente suas tecnologias à realidade local. "A agricultura demanda, muitas vezes, a mesma tecnologia, mas com pequenos ajustes. Com isso, poderemos olhar para essas particularidades".

Fonte: Globo Rural

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