Consumo de ovos cresce e traz novos desafios ao setor

Por Redação em 13/10/2023 às 10:40:49

O ovo no prato do brasileiro já foi sinônimo de tempos de vacas magras. No entanto, o setor tem observado uma demanda crescente nos últimos, devido, principalmente, aos investimentos e campanhas sobre os benefícios do consumo desse produto.

À medida que conquista novos consumidores, a avicultura de postura também é desafiada a se adaptar a uma demanda preocupada com bem-estar animal e sustentabilidade.

O Brasil deve produzir 52,55 bilhões de ovos em 2023, praticamente o mesmo volume do ano passado, indica a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Considerando o Censo de 2022, que estimou uma população em 203 milhões, o setor oferta praticamente 260 unidades para cada habitante no ano.

A demanda brasileira está próxima disso: a ABPA acredita que o brasileiro vai comer, em média, um ovo a mais do que em 2022, chegando a 242 unidades.

Já as exportações devem mais do que triplicar até o fim deste ano, para 32,5 mil toneladas de ovos.

A coordenadora técnica da ABPA e diretora técnica do Instituto Ovos Brasil, Tabatha Lacerda, atribui o aumento do consumo nos últimos anos às campanhas de conscientização sobre os benefícios desse produto e aos investimentos das empresas na modernização dos equipamentos utilizados.

"O setor mostrou para os profissionais da saúde humana que o ovo é rico em nutrientes e uma excelente opção para compor dietas tanto pelo aporte de proteínas mas também pelo aporte de vitaminas e minerais", diz.

O CEO da Mantiqueira, maior produtora de ovos do país, Leandro Pinto, brinca que o ovo foi absolvido em todos os tribunais em que estava sendo julgado. "Eu sou dos tempos de um Brasil com consumo de 70 ovos por pessoa. Agora, a gente viaja e é impressionante ver como é usado em hotéis e restaurantes", diz.

Marcus Menoita, CEO e cofundador da Raiar Orgânicos, lembra que o ovo já foi tratado como um alimento anticíclico: quando o país ia mal, a demanda aumentava, e vice-versa. "Passou a ser a proteína mais versátil que tem, porque atende consumidores do café da manhã até o jantar", argumenta.

As granjas redobraram os cuidados para garantir a biosseguridade das aves, principalmente depois da instrução normativa (IN) 56 de 2007. Houve significativas melhorias e investimentos ao longo dos anos para proteger contra doenças, como a influenza aviária.

O Brasil confirmou 126 casos de gripe aviária de alta patogenicidade, sendo 123 em aves silvestres e três em criações de fundo de quintal. Nenhum em granjas comerciais. "Foram anos de preparação e entendimento do que é a doença e os prejuízos descomunais que causou em outros país", afirma Tabatha.

A ABPA, as associações estaduais de avicultura e o Ministério da Agricultura trabalham conjuntamente para garantir a manutenção do status sanitário brasileiro. A coordenada da ABPA reforça que é preciso estudar e aprofundar conhecimento para que as medidas de proteção sejam mais efetivas.

Outras demandas

Nos últimos cinco anos, o consumidor brasileiro começou a ter marcas preferidas de ovos, não enxergando mais o produto com uma simples commodity, conta Tabatha.

Ao mesmo tempo que isso é positivo, crescem também as cobranças por bem-estar animal e sustentabilidade nas granjas.

Os consumidores vão mudando seus hábitos de consumo e saem em busca de mais informações sobre o que consomem
— Tabatha Lacerda

O CEO da Raiar Orgânicos afirma que o consumidor também está começando a reconhecer e valorizar ovos produzidos em sistemas diferentes. "A forma como ele escolhe o produto começou a mudar, e isso deu uma chacoalhada no setor", diz.

O ovo, mais do que qualquer outra proteína, está imerso no que o mundo chama de food transition
— Marcus Menoita, CEO da Raiar Orgânicos

Um reflexo desse movimento é o aumento das granjas certificadas, diz Menoita. Enquanto o número de aves alojadas tem crescido cerca de 4% ao ano, as certificações pela reconhecida Certified Humane avançam 50% ao ano.

Leandro Pinto, da Mantiqueira, reforça que a produção que não for sustentável e correta com os anmais ficará para trás em breve. "Temos um clube com 10 mil assinantes e fazemos pesquisas toda hora para entender a cabeça deles. Eles ficam em uma felicidade danada ao saberem que o que estão comprando não tem problemas", diz.

Fonte: Globo Rural

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