A Minerva Foods começa a ver resultados mais consistentes dos ativos adquiridos da Marfrig. Com isso, e embarques em alta para Estados Unidos e China, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul registrou lucro líquido de R$ 185 milhões no primeiro trimestre de 2025, de acordo com balanço divulgado ontem. Um ano antes, a companhia havia registrado um prejuízo de R$ 186,2 milhões.
O trimestre foi marcado por recordes no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) e na receita líquida da Minerva. A empresa também acelerou os embarques de carne bovina para os EUA dentro da cota ao país isenta de impostos, ainda em janeiro, antecipando-se ao aumento de tarifas pelo governo americano, que se confirmaria em seguida.
O Ebitda da Minerva alcançou R$ 962,5 milhões, alta de 53,1%. A receita, por sua vez, cresceu 55,8% para R$ 11,19 bilhões.
O processo de integração nas 13 fábricas que foram adquiridas da Marfrig no Brasil, Argentina e Chile gerou receita bruta de R$ 1,48 bilhão, aumento de 94,9% em relação ao quarto trimestre de 2024. A Minerva assumiu a operação dessas unidades em novembro passado após a conclusão da compra.
A venda de carne dessas fábricas atingiu 79,4 mil toneladas no intervalo de janeiro a março, 106% a mais que no trimestre anterior.
"As sinergias vindas dessas plantas estão caminhando como o planejado e, até o terceiro trimestre deste ano, permanece a expectativa de alcançar o uso de capacidade entre 70% e 75% nas novas unidades", disse a jornalistas o diretor de finanças e relações com investidores da Minerva, Edison Ticle. À medida que a sinergia avança, há também uma diluição de custos na empresa.
As vendas da companhia no mercado externo geraram receita bruta de R$ 6,63 bilhões, alta de 48,2% na comparação anual.
Segundo Ticle, os EUA representaram 35% da receita de exportação da companhia, seguidos pela China, com 15%. A expectativa é que o percentual chinês aumente para 25% a 30%, visto que algumas licenças de exportação das novas plantas demoraram para ser liberadas pelos compradores.
"Vemos o mercado americano muito forte ainda e o mercado chinês recuperando bastante em volume e preço, principalmente preço, a partir deste segundo trimestre", projetou o executivo.
Como os EUA são o maior mercado comprador da Minerva, conseguir ampliar o volume enviado pela cota é uma meta importante. Os americanos permitem a importação de 65 mil toneladas de carne bovina in natura sem tarifa, cota que o Brasil compartilha com dez países.
Ticle observou que, em 2024, a companhia conseguiu enviar 12 mil toneladas de carne in natura aos EUA dentro da cota. Neste ano, o volume subiu para 28 mil toneladas, sendo parte enviada para a subsidiária da Minerva nos EUA, que carregará o estoque e fará as vendas gradativamente por lá.
O custo para carregar esse estoque deixou o caixa livre da companhia negativo em R$ 514 milhões no primeiro trimestre, mas segundo o executivo, o retorno deve vir em receita com as vendas no mercado americano nos próximos trimestres.
"O imposto, com a mudança do [presidente Donald] Trump foi para [cerca de] 36%, e você mandar o máximo de volume possível dentro da cota faz uma diferença, e foi o que a gente fez", disse Ticle.
No início de abril, o presidente americano, Donald Trump, anunciou um "tarifaço" contra diversos países e para o Brasil foi aplicada uma taxa de importação de 10%. Assim, as vendas de carne bovina fora da cota, que já contavam com uma tarifa de 26,5%, agora pagam 36,5%.
Apesar das instabilidades no mercado global, Edison Ticle prevê alta de 5% a 10% nos preços da carne bovina. Isso, somado aos volumes de vendas provenientes das novas plantas, deve levar ao aumento da receita da empresa.
A Minerva estimou para 2025 uma receita líquida entre R$ 50 bilhões e R$ 58 bilhões, conforme guidance divulgado junto ao balanço. No ano passado, a receita ficou em R$ 34,07 bilhões.
Fonte: GR