O governo do Chile reconheceu oficialmente o Estado do Paraná como zona livre de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica. O anúncio foi feito pelo presidente Gabriel Boric durante visita ao Brasil nesta semana. O reconhecimento consta na declaração conjunta divulgada pelos dois países. Com isso, os frigoríficos paranaenses poderão exportar carne suína para os chilenos em breve.
De acordo com a declaração conjunta, o Brasil abriu seu mercado para a importação de mel do Chile.
A informação já havia sido antecipada pelo ministro da Agricultura chileno, Esteban Valenzuela, nas redes sociais no início da semana. Na terça-feira (22/4), o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura brasileiro, Luis Rua, também comentou a expectativa da concretização da medida durante a passagem de Boric pelo Brasil.
Atualmente, o Chile já reconhece e importa carne suína de Santa Catarina. A habilitação dos estabelecimentos aptos a exportar para lá ocorre por pré-listing, ou seja, cabe ao governo brasileiro indicar quais plantas seguem as regras sanitárias e podem comercializar com os chilenos. Isso pode acelerar o início do comércio das empresas paranaenses, disse Rua, na coletiva de imprensa na terça-feira.
Em nota, o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Marcio Nunes, destacou a importância da decisão para o Estado. "Esse é um grande momento para o Paraná, um dos maiores produtores de suínos do Brasil. Essa decisão deve gerar mais renda aos nossos produtores, mais empregos, além da valorização e reconhecimento da qualidade e sanidade dos nossos produtos, agregando valor e abrindo espaço para outras relações comerciais", disse.
O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do Brasil, com 12,4 milhões de porcos abatidos em 2024, ou 21,5% do abate nacional. No ano passado o Estado liderou o crescimento nacional da produção. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os paranaenses 281,4 mil cabeças de suínos a mais em 2024 em relação a 2023.
No ano passado, o Paraná foi o terceiro maior exportador de carne suína do Brasil, com 185,5 mil toneladas, atrás de Santa Catarina com 730,7 mil toneladas e Rio Grande do Sul com 289,9 mil toneladas.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) celebrou a oficialização do reconhecimento do Paraná pelo Chile como livre de aftosa sem vacinação, critério fundamental para a viabilização dos embarques de todos os produtos de carne suína para o mercado chileno, um dos mais importantes destinos para a proteína suína do Brasil.
Atual quinto principal importador de carne suína do Brasil, o Chile importou 24,5 mil toneladas de carne suína apenas no primeiro trimestre deste ano, cuja receita chegou a US$ 59,1 milhões.
"Com o reconhecimento, conquistado após amplo trabalho do Ministério da Agricultura e Pecuária (no âmbito das Secretarias de Relações Internacionais e de Defesa Agropecuária) o potencial de parcerias entre exportadores brasileiros e o mercado chileno se incrementa, o que deverá favorecer positivamente o desempenho geral das exportações brasileiras neste ano", disse a ABPA em nota.
A expectativa é que as primeiras vendas possam ocorrer já nos próximos meses.
Além do reconhecimento do status sanitário do Paraná, as autoridades chilenas e brasileiras avançaram nas discussões para reconhecer o Acre e Rondônia como zonas livres de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica, cujo processo de auditoria foi concluído recentemente.
Os dois países também manifestaram compromisso para avançar no acesso sanitário para produtos vegetais de interesse, com o objetivo de diversificar e ampliar o comércio bilateral.
Brasil e Chile ainda concordaram em trabalhar para a retomada do reconhecimento do Estado do Rio Grande do Sul como zona livre de Newcastle, após o caso ocorrido em julho de 2024, e no "pronto reconhecimento desse mesmo status para Goiás e Espírito Santo", diz declaração divulgada recentemente.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil e o Ministério da Agricultura do Chile também concluíram um Memorando de Entendimento para "fortalecer a cooperação bilateral em temas de agricultura familiar, como a promoção da sustentabilidade ambiental, o fortalecimento de cooperativas, a mecanização da pequena produção, as políticas de acesso à água, a promoção de mercados campesinos, entre outros".
Também foi assinado o Acordo de Cooperação entre o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil e o Ministério da Agricultura do Chile (Minagri) quanto ao uso da certificação eletrônica para o comércio de produtos de origem animal, o e-CERT Veterinário.
A iniciativa pretende estabelecer os princípios para a implementação do intercâmbio eletrônico de dados dos certificados sanitários (certificação eletrônica) entre os dois países.
Fonte: GR