O tomate tornou-se um dos vilões do orçamento familiar em 2025. Nesta sexta-feira (11/4), a hortaliça, essencial na mesa dos brasileiros, apresentou a maior alta entre os alimentos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aumento de 22,55% em março e acumulado de 52,9% desde janeiro.
A prévia da inflação, o IPCA-15, já indicava que o produto seria destaque no grupo Alimentação e Bebidas porque, entre a segunda metade de fevereiro e a primeira quinzena de março, o crescimento foi de 12,57%, atrás apenas do ovo de galinha. E a elevação deve continuar afetando os consumidores.
Segundo João Paulo Deleo, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a expectativa é que os preços caiam somente a partir de junho, quando a colheita da safra de inverno intensificar.
"No momento, a safra de verão segue para o final, enquanto a de inverno ainda está lenta. Além disso, a safra de inverno inicia com produtividade baixa em algumas regiões, o que deve manter a oferta controlada. Os valores devem se sustentar em patamares similares ao atual nesse mês (abril) e no próximo (maio). Com a intensificação da safra de inverno a partir de junho, podemos ter um aumento na oferta".
Entre as cidades que iniciaram a colheita da safra de inverno estão as praças de Minas Gerais pesquisadas pelo Cepea, além de Paty do Alferes (RJ) e Venda Nova do Imigrante (ES).
Em Reserva, maior produtor de tomate do Paraná, a colheita da segunda parte da safra de verão sofreu atrasos neste ano, mas irá atender os consumidores ainda em abril, maio e junho.
A explicação está nos efeitos do clima sobre as principais regiões produtoras do país. O calor intenso registrado nos últimos meses acelerou o processo de maturação do tomate, condição que, além de antecipar a colheita, aumentou a oferta nos supermercados.
E se no primeiro momento a oferta superou a demanda com mais tomates à disposição, o efeito contrário foi registrado em seguida, com menor quantidade e preços altos.
"O clima contribuiu, não tem como não falar. Boa parte do que as plantas tinham para produzir se adiantou entre o início e o meio da safra. E, a partir de fevereiro, esquentou bastante, e as produtividades passaram a recuar. Lembrando que, até então, elas vinham em patamares recordes e muito acima das médias típicas", explica.
Para completar, as perdas sucessivas contabilizadas pelos produtores de tomate desmotivaram o plantio de grandes lavouras na última safra, complementa o especialista do Cepea.
"O tomate vinha com preços abaixo dos custos de produção entre junho de 2024 e meados de fevereiro de 2025. E, diante do longo período de prejuízo, muitos se descapitalizaram ou se desmotivaram a manter os plantios, que foi desacelerando. A produtividade também recuou a partir de fevereiro, contribuindo para a alta".