A JBS fechou 2024 com um lucro líquido de R$ 9,61 bilhões, depois de ter registrado um prejuízo de R$ 1,06 bilhão no ano anterior. De acordo com balanço financeiro divulgado ontem pela empresa, os desempenhos operacionais positivos em todas as suas unidades explicam o resultado. O maior salto veio do negócio de frango, com Seara e a Pilgrim's Pride (PPC).
Apenas no quarto trimestre de 2024, a companhia alcançou lucro líquido de R$ 2,41 bilhões — um ano antes, o resultado líquido ficou em R$ 82,6 milhões. O impulso, entre outros fatores, também veio de resultados fortes nas unidades que processam e vendem frango, segundo a empresa.
"A Seara teve melhoria de mix [de produtos vendidos], melhoria de produtividade, execução comercial. Com a demanda grande, a oferta mais equilibrada e uma gestão [melhor], e custos com grãos mais favoráveis. Foi uma combinação de todos esses fatores", disse ao Valor o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni.
Os preços mais baixos de milho e farelo de soja — insumos que mais pesam no custo de produção de aves e suínos — no ano passado também contribuíram para melhorar as margens da indústria. Demanda doméstica aquecida e exportações recordes são outros fatores que favoreceram a JBS em 2024.
Em relação à Pilgrim"s, que opera nos Estados Unidos e já teve o balanço divulgado localmente, Tomazoni afirmou que "foi o melhor ano da história".
O mercado americano passa por um momento de baixa oferta de gado e altos preços da carne bovina, o que direciona parte da demanda interna para o frango e suíno. Além disso, o surto de gripe aviária nos EUA contribui para reduzir a oferta e manter altos os preços do frango, apesar de continuarem mais competitivos em comparação aos da carne bovina.
Com essa conjuntura, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da JBS mais que dobrou no quarto trimestre de 2024, para R$ 10,79 bilhões. O montante é 111,4% superior ao do mesmo período do ano precedente. Já a receita líquida do trimestre cresceu 21,1%, para R$ 116,7 bilhões.
No acumulado do ano, o Ebitda ajustado da JBS também mais do que dobrou (+127,7%), alcançando R$ 39,04 bilhões, enquanto a receita líquida aumentou 14,6%, para R$ 416,95 bilhões.
Diante da posição de caixa alcançada pela JBS e da alavancagem considerada baixa, a companhia propõe a distribuição de R$ 4,4 bilhões em remuneração aos acionistas, afirmou o diretor de finanças e relações com investidores, Guilherme Cavalcanti. O montante precisa ser aprovado em assembleia de acionistas.
A empresa conseguiu reduzir a alavancagem de forma expressiva. Em reais, a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado estava em 2,15 vezes no quarto trimestre — um ano antes era de 4,32 vezes.
Tomazoni reconheceu que o cenário de custos para 2025 é outro, já que os grãos subiram, mas disse que a demanda por frango segue firme. "E as nossas melhorias operacionais não terminaram." Desde que não haja um problema climático na safra do Brasil, a perspectiva segue promissora para a Seara.
O Ebitda ajustado da Seara saltou 291,9% no quarto trimestre de 2024, para R$ 2,63 bilhões. Em todo o ano, o indicador subiu 365,5% para R$ 8,39 bilhões.
Para Tomazoni, o ciclo de aperto na oferta de gado deve persistir ao menos até o segundo semestre do ano que vem nos EUA. "Estamos fazendo investimentos em melhoria de processos para aumentar a produtividade das nossas fábricas lá", afirmou.
A JBS Beef North America entregou um resultado fora da curva do setor no quarto trimestre, ao sair de um Ebitda ajustado negativo em R$ 488,5 milhões em 2023 para um Ebitda ajustado positivo em R$ 647,1 milhões em 2024. No acumulado do ano, o Ebitda ajustado subiu 148,5% para R$ 1,4 bilhão.
Indagado sobre o processo de dupla listagem das ações da JBS, Tomazoni disse que a empresa pretende entregar nesta quarta-feira documento com os resultados de 2024 à comissão de valores mobiliários do país (SEC, na sigla em inglês), e aguardará eventuais novos questionamentos.
Fonte: GR