Brasil reduz volume de embarques de café, mas receita bate recorde

Por Redação em 14/03/2025 às 07:04:24

As exportações de café do Brasil totalizaram 3,27 milhões de sacas de 60 kg em fevereiro, recuo de 10% se comparado com os envios no mesmo período do ano passado. No entanto, em meio a preços históricos para o grão, o faturamento atingiu recorde para o mês, de US$ 1,190 bilhão, ou aumento de 55,5%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Considerando os oito primeiros meses da safra 2024/25 (julho a fevereiro), o Brasil exportou 33,45 milhões de sacas, com faturamento de US$ 9,723 bilhões.

De acordo com a entidade, tanto os volumes quanto as receitas foram recordes no período, com altas 8,8% em volume e 59,8%, respectivamente.

Já no primeiro bimestre deste ano, o Brasil embarcou 7,27 milhões de sacas de café, declínio de 5,4% em relação aos 7,69 milhões aferidos nos dois primeiros meses de 2024. Acompanhando o desempenho mensal, a receita cresceu 58,4% no agregado de janeiro e fevereiro, saltando para US$ 2,51 bilhões, em comparação com os US$ 1,58 bilhão no mesmo intervalo do ano passado.

"Embora as bolsas internacionais tenham recuado das recentes máximas, os preços atuais e as cotações médias dos últimos meses são significativamente maiores daqueles praticados no mesmo período do ano anterior, o que justifica os recordes em receita", explica, em nota, Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.

Contudo, ele recorda que o Brasil está em período de entressafra, o que faz com que, nos últimos meses, os diferenciais de preço dos cafés conilon e robusta do país, em relação à bolsa de Londres, não estejam competitivos quando comparados aos de outras importantes origens produtoras, como o Vietnã, cujos cafés estão com cotações bem mais atrativas que as dos canéforas brasileiros.

Ferreira completa que, da mesma forma, também os arábicas nacionais estão mais caros quando comparados aos diferenciais do produto de países da América Central na bolsa de Nova York. "Esses fatores devem seguir impactando o desempenho das exportações do Brasil, que podem seguir em menores volumes nos meses seguintes", relata.

Ainda na avaliação do dirigente, o "squeeze" financeiro, com redução de linhas de crédito, que não acompanharam a alta do café commodity em dólar ou em reais, também tem se tornado um "fator de enorme relevância" para a redução do fluxo de comércio.

"Essas alterações bruscas no preço, tanto interna, quanto externamente, têm gerado demandas recordes de recursos em dólares, para a cobertura de margens de variação jamais vistas nos mercados de futuros, o que pode ter impacto negativo nos preços, embora esses ainda devam ficar em níveis interessantes ao produtor, dado o apertado equilíbrio entre oferta e demanda. No caso do Brasil, maior produtor global, as respostas virão após a colheita, quando tivermos, com clareza, o rendimento da safra 2025/26", projeta.

Queda no consumo

Ferreira disse que a redução de 10% no volume exportado de café pelo país em fevereiro está relacionada com uma eventual e pontual queda no consumo global da bebida. Ele também projeta novos aumentos de preço ao consumidor, o que pode penalizar a procura pelo produto.

"Os recordes de preços registrados no cenário nacional e internacional estão longe do que já foi repassado pelas indústrias no Brasil e lá fora e mais distante ainda daquilo que os supermercados repassaram aos consumidores", afirma, em nota.

"Ainda que vejamos mais retrações nas bolsas, novas altas nos preços ao consumidor não devem ser descartadas, haja vista essa grande defasagem. Esses potenciais aumentos terão impacto direto na inflação das economias nos países consumidores, produtores ou não, e gerarão uma redução no consumo", complementa.

Ao falar sobre a safra no Brasil que será colhida no ano que vem, Ferreira destacou que, caso não ocorram significativas intempéries climáticas e venha o eventual retorno das chuvas em bons volumes, "gerando boa florada" à safra 2026/27, será possível vislumbrar uma colheita que propicie a recuperação da produção nacional.

Segundo ele, as lavouras estão bem-preparadas devido aos investimentos e bons tratos culturais, que foram possíveis em função dos bons preços obtidos pelos cafeicultores.

"No momento, a certeza para a safra 2025/26 é de um volume bem menor (em relação o ciclo 2024/25) para o arábica e maior ao conilon. Com esse cenário, devemos ficar aquém dos recordes de exportação verificados no ano passado, mas, ainda assim, com uma participação representativa, mantendo o país como o maior produtor e exportador global, sem perdas do nosso histórico market share", conclui Ferreira.

Principais destinos

Os Estados Unidos foram o principal destino dos cafés do Brasil no primeiro bimestre de 2025, com a importação de 1,20 milhão de sacas, o que equivale a 16,6% do total, apesar de representar um declínio de 12,3% na comparação com janeiro e fevereiro de 2024.A Alemanha, com 12,1% de representatividade, adquiriu 878.350 sacas (-29,4%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vieram Itália, com a importação de 531.260 sacas (+9,1%); Japão, com 478.844 sacas (+3,9%); e Turquia, com 354.904 sacas (+88,7%).

O Cecafé ressalta que, apesar de seus cafés estarem mais competitivos que os brasileiros no primeiro bimestre, Vietnã e Indonésia, segundo e quarto maiores produtores globais, seguem aumentando suas importações do grão verde (in natura) do Brasil. Os vietnamitas adquiriram 72.836 sacas nos dois primeiros meses deste ano e os indonésios 47.471 sacas, apresentado incrementos de 297,3% e 29,2%, respectivamente.

"Muitas dessas exportações para Vietnã e Indonésia são de contratos fechados ainda em 2024, quando nossos robusta e conilon estavam mais competitivos. Vale lembrar que esses cafés já deveriam ter saído de nossos portos se não enfrentássemos intensos gargalos logísticos devido à defasagem de nossa infraestrutura portuária, que gera inúmeros e constantes atrasos de navios, alterações de escalas e rolagens de cargas", explica Ferreira.

Tipos de café

Em janeiro e fevereiro, o café arábica, com o envio de 6,069 milhões de sacas ao exterior, permaneceu como o mais exportado pelo Brasil. Esse montante equivale a 83,4% do total embarcado, mesmo implicando leve queda de 0,7% em relação ao primeiro bimestre de 2024.

Na sequência, com o equivalente a 640.996 sacas remetidas para fora do país, apareceu o segmento do café solúvel, que registrou um incremento de 16,5% na comparação com os dois primeiros meses do ano passado. Esse tipo de produto respondeu por 8,8% das exportações totais no período atual.

Fonte: GR

Comunicar erro
Combate a dengue 2025

Comentários

Movimento MT por Elas
Nota MT 2024
Acomp Gyn - Goiania Deusas do luxo