A SLC Agrícola, que comercializa soja, algodão, milho, sementes e tem negócios com pecuária bovina, encerrou o quarto trimestre de 2024 com prejuízo líquido de R$ 51,3 milhões. A perda foi 66,4% menor do que o prejuízo apurado no mesmo intervalo de 2023.
Em relatório, a companhia informou que resultado financeiro foi afetado pela piora no desempenho da soja e do milho, pelo aumento das despesas com vendas e administrativas, compensados no lado positivo pela marcação dos ativos biológicos (receita - custo) e Valor Realizável Líquido dos Produtos Agrícolas (VRLPA).
A receita líquida no trimestre teve aumento de 3%, para R$ 1,97 bilhão, devido ao maior volume faturado de algodão em pluma. A receita de algodão em pluma avançou 61,1% no trimestre, para R$ 1,27 bilhão. Os destaques negativos foram a soja (comercial e sementes), com queda na receita de 35,2%, para R$ 360,4 milhões, e o milho, com retração de 16%, para R$ 179,0 milhões.
No quarto trimestre, a SLC passou a divulgar a variação do valor justo dos ativos biológicos (calculado pelo valor de mercado menos custos) e o VRLPA (que reflete a variação nos preços de estoque). Os dois índices tiveram um impacto positivo de R$ 69,7 milhões no quarto trimestre de 2024, ante queda de R$ 6 milhões no mesmo período de 2023.
Os custos de produtos vendidos tiveram aumento de 6,8%, para R$ 1,25 bilhão, resultado influenciado pelo maior volume faturado de algodão.
O resultado operacional ficou positivo em R$ 266,5 milhões, revertendo uma perda de R$ 97,1 milhões um ano antes. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) teve queda de 9,2%, para R$ 611,1 milhões.
O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 373,1 milhões, ante uma perda de R$ 200 milhões no mesmo intervalo do ano anterior. O resultado foi afetado pela valorização do dólar, que elevou os valores a pagar para fornecedores e adiantamentos de clientes fixados em dólar. As despesas com juros também cresceram, com aumento da dívida líquida ajustada.
A dívida líquida ajustada encerrou 2024 em R$ 3,7 bilhões, um aumento de R$ 800,7 milhões em relação ao ano anterior. A dívida líquida foi impactada pela redução da produtividade da soja na safra 2023/24 e pelo aumento de 10,6% na área plantada para a safra 2024/25. A relação dívida líquida/Ebitda aumentou de 1,06 vezes no fim de 2023 para 1,8 vezes.
No ano de 2024, a SLC Agrícola registrou um lucro líquido de R$ 481,7 milhões, montante 48,6% inferior ao registrado em 2023.
A receita líquida no ano recuou 4,4%, para R$ 6,92 bilhões, em função da soja e do milho que tiveram produtividade abaixo do previsto na safra 2023/24, compensados pelo maior volume embarcado de algodão em pluma, que atingiu 364 mil toneladas, um recorde para a SLC.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) encolheu 24,8%, para R$ 2,04 bilhões.
A geração de caixa livre foi de R$ 34,3 milhões, impactada pela queda no resultado da soja e do milho, pelo investimento para ampliar a área plantada na safra 2024/25 e pela compra da participação dos acionistas minoritários da SLC Landco.
Os investimentos somaram R$ 1,1 bilhão, para dar suporte ao crescimento da área plantada.
As três principais alocações no ano foram em máquinas, equipamentos e implementos, correção de solo e obras e instalações, com destaque para a ampliação de 3.161 hectares em irrigação na fazenda Piratini, com uma alocação de capital de R$ 62 milhões.
O conselho de administração propôs a distribuição de 50% do lucro líquido da controladora como dividendos, totalizando R$ 241 milhões, a serem pagos em maio de 2025.
Ainda em seu balanço financeiro, a SLC Agrícola informou que a compora da Sierentz Agro Brasil vai permitir à companhia ampliar a área plantada em 13% na safra 2025/26, em comparação com o ciclo 2024/25.
A operação é 100% em áreas arrendadas, totalizando aproximadamente 96 mil hectares físicos. Segundo a SLC, após a confirmação e o fechamento do negócio, em torno de 33 mil hectares físicos já possuem proposta vinculante para aquisição dos direitos de operação pela Terrus.
A SLC Agrícola vai operar 63 mil hectares físicos (em torno de 100 mil hectares de área plantada).
O plano de produção da companhia é de manter o plantio de soja e milho. O algodão será implantado a partir do terceiro ano de produção.
A SLC estima que terá o controle da operação a partir de julho de 2025.
A companhia também informou que já deu início à compra de insumos para o ciclo 2025/26, que começa a ser plantado em setembro. Em relação aos fertilizante, a SLC comprou 77% dos fosfatados, 82% do cloreto de potássio e 57% dos nitrogenados, aproveitando as boas oportunidades oferecidas pelo mercado. A companhia também adquiriu 30% dos defenstivos previstos para uso na próxima temporada.
A companhia avançou ainda nas operações de proteção (hedge) das exportações da safra 2025/26. Na soja, a companhia atingiu 45,7% da produção estimada e fixou 6,6% da produção do algodão.
A SLC informou que aproveitou momentos de alta do dólar para fazer o travamento do câmbio das culturas. Até 10 de março, a companhia tinha feito o travamento de 18,1% da safra de soja 2025/26, a um dólar de R$ 6,3056. Também fez o travamento de 15,8% da safra 2025/26 de algodão.
Na temporada 2024/25, a SLC registrou área plantada ajustada de 731 mil hectares, com crescimento de 10,6% em relação à safra 2023/24.
A semeadura da soja superprecoce e precoce teve início no fim de setembro, com um leve atraso, colocando a soja em uma janela ideal, favorecendo a produtividade.
Até o momento, já foram colhidos 65% da soja. A SLC informou que espera superar a produção estimada, apesar das intempéries climáticas.
Com o atraso da colheita da soja, a empresa migrou 4,6 mil hectares de algodão 2ª safra para o milho 2ª safra. O plantio do algodão foi encerrado no início de fevereiro e o plantio do milho já foi finalizado.
Em relação às sementes, a estimativa de venda de semente de soja para terceiros mais consumo interno é de 1,4 milhão de sacas, aumento de 12,0% frente ao ano anterior. Para as sementes de algodão, a meta de venda é de 145 mil sacas, um aumento de 1,2% frente ao ano anterior.
A SLC informou ainda que avançou na posição de hedge da safra 2024/25. Na soja, somados os compromissos, a empresa atingiu 75,1% da produção estimada. A SLC fixou 49,1% da produção do algodão e 35% do milho.