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Pele de tilápia será produzida em escala comercial

Por Redação em 19/01/2025 às 09:20:27

A Universidade Federal do Ceará (UFC), ao lado dos pesquisadores Edmar Maciel Lima Jr. e Marcelo Borges, concluiu em dezembro de 2024 o registro da patente do biomaterial à base de pele de tilápia liofilizada, que vem se destacando na pesquisa clínica no tratamento de queimaduras e problemas oftalmológicos de animais, entre outros.

Nesta semana, o projeto avançou para um passo importante para que a opção de tratamento chegue à população em geral: foi aberto o edital de licitação para que empresas capacitadas à produção do biomaterial em larga escala se apresentem à universidade, para futura seleção da melhor candidata.

"O objetivo visa expandir a utilização do produto como curativo no tratamento de lesões em humanos e animais", diz o material.

O edital de seleção 01/2025, para licença de uso da patente, foi divulgado na última segunda-feira (13/1), no site da Universidade Federal do Ceará (UFC), e é direcionado a empresas interessadas em executar o processo de obtenção da pele de tilápia liofilizada, uso da mesma e a produção de um kit curativo biológico do produto em escala comercial.

A modalidade de escolha da empresa na oferta pública, que permanecerá aberta até 14 de fevereiro próximo, será a seleção da proposta mais vantajosa, para concessão de Licença com Exclusividade. Todos os documentos necessários estão descritos no edital da oferta pública.

A pele de tilápia liofilizada é um produto desidratado, embalado a vácuo e radioesterilizado no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN-SP), sob a coordenação da pesquisadora Mônica Mathor.

A patente do produto foi concedida, no final do ano passado (2024), à UFC e aos pesquisadores Edmar Maciel Lima Jr. e Marcelo Borges. "Trata-se da primeira pele animal ofertada em chamada pública, no Brasil, para ser comercializada. Não existe no país, atualmente, nenhuma pele animal registrada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercialização", informa Odorico Moraes, diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento da UFC, acrescentando que caberá à empresa vencedora da chamada pública providenciar o registro junto à agência brasileira.

Vantagens

Segundo o pesquisador e coordenador geral da pesquisa, Edmar Maciel, a liberação do uso da patente "vai beneficiar, especialmente, a população mais carente, que utiliza o sistema público de saúde, em todo País, pelas inúmeras vantagens que o produto oferece nos tratamentos aos quais se destina".

Ele destaca que, por ser desidratada e embalada a vácuo, a pele de tilápia liofilizada tem menor risco de contaminação em relação aos produtos mantidos em ambientes úmidos (como a pele no glicerol) e pode ser aplicada diretamente na ferida, após hidratação. "O que proporciona uma melhora substancial na qualidade de vida do paciente, reduzindo a dor, os riscos de infecções, a permanência hospitalar e o gasto com insumos médicos", explica o pesquisador.

Maciel também pontua que a utilização do produto como curativo ainda tem a vantagem de diminuir a carga de trabalho da equipe médica durante o tratamento, porque ele reduz as trocas de curativos.

Além disso, a pele liofilizada também tem possibilitado o surgimento de novos métodos cirúrgicos, reduzindo a morbidade pós-operatória, os custos cirúrgicos e a necessidade de autoenxertos (transferência de tecido ou órgão do próprio paciente para outra parte do corpo), acelerando a recuperação após essas intervenções consideradas mais invasivas.

Outro ponto positivo, conforme o pesquisador Felipe Rocha, é a facilidade no transporte, "por ser desidratado tem redução de até 90% nos custos do transporte que a pele no glicerol, já que não precisa de refrigeração, que exigiria acondicionamento adequado e gelo seco".

Histórico

A ideia do desenvolvimento do produto liofilizado começou em 2018, quando a pesquisadora Elisabete Moraes se juntou ao grupo de pesquisadores formado por Edmar Maciel, Odorico Moraes, Carlos Paier e Felipe Rocha, sendo os dois últimos responsáveis pela coordenação do desenvolvimento pré-clínico laboratorial no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM/UFC). Já a pesquisa em animais aconteceu no biotério do NPDM e a pesquisa clínica no Instituto Dr. José Frota, pelo Coordenador Geral da pesquisa, o cirurgião plástico Edmar Maciel. Todas as etapas realizadas no Ceará.

O pesquisador Carlos Paier destaca que a pele liofilizada vem sendo utilizada em pesquisas clínicas em várias áreas da saúde, como queimaduras, feridas, úlceras varicosas, sindactilia (dedos das mãos juntos), agenesia vaginal (mulheres que nascem sem vagina), reconstrução do canal vaginal, redesignação sexual, feridas em animais de pequeno e grande porte e na odontologia.

A pesquisa da pele de tilápia já possibilitou o depósito de quatro patentes de produtos desenvolvidos a partir da tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), peixe vastamente produzido e consumido no Brasil, em especial no Nordeste. Além da pele liofilizada, a UFC e o Coordenador Geral da Pesquisa detêm e/ou solicitaram patentes no Brasil e no exterior para outros dois produtos: a matriz dérmica acelular e o colágeno purificado de pele de tilápia.

Edmar Maciel, que divide a titularidade desses produtos com a UFC, informa que "o colágeno pode ser usado como cosmético ou nutracêutico, na forma creme ou pomada para feridas, e que em breve estará disponível no mercado, beneficiando os hospitais públicos e a população". O produto pele no glicerol, por sua vez, tem a titularidade da patente dividida entre Edmar Maciel, a UFC, Enel e Marcelo Borges (18%).

Fonte: GR

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