A Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (PR), fez uma atualização em seu plano de investimentos e pretende aportar pouco mais de R$ 1,5 bilhão até 2027 em uma nova indústria de esmagamento de soja e produção de biodiesel, capacidade de armazenagem e em novo terminal rodoferroviário.
Em fevereiro deste ano, a cooperativa havia anunciado um plano de investir em torno de R$ 1 bilhão, com um projeto mais modesto.
Parte do recurso — em torno de R$ 400 milhões — já foi usado em 2024 na ampliação da capacidade de armazenagem da cooperativa, que passou de 2,3 milhões de toneladas de grãos para 2,8 milhões de toneladas, com novas unidades no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
A cooperativa estima iniciar em abril de 2025 a construção de uma nova unidade industrial de esmagamento de soja em Maringá (PR), com capacidade para processar 5 mil toneladas de grãos por dia, podendo aumentar para 7,5 mil toneladas por dia em uma segunda fase. A planta está prevista para ficar pronta em 2027 e vai ampliar a capacidade de processamento da cooperativa em 70%, chegando a 1,7 milhão de toneladas por ano de soja processada. A previsão feita no início deste ano era de que a obra poderia começar no fim de 2024 ou início de 2025.
"O investimento que estamos colocando na construção da indústria de esmagamento é de aproximadamente R$ 800 milhões. Em seguida, vamos investir em tanques greneleiros, armazém de farelo e terminal rodoferroviário", afirmou Luiz Lourenço, presidente do conselho de administração da Cocamar. A cooperativa conta com uma linha de financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para parte do projeto. A expectativa é que durante a fase de obras sejam gerados 1,5 mil empregos.
Segundo a cooperativa, a produção de óleo vai passar de 200 mil toneladas por ano para 350 mil toneladas por ano, podendo aumentar a produção de biodiesel, que este ano deve ficar em torno de 80 mil toneladas. A cooperativa não informa, no entanto, qual a sua previsão de produção de biodiesel no futuro.
A planta industrial também vai demandar a construção de um novo terminal rodoferroviário para escoar a produção de farelo e óleo e ampliar a capacidade de armazenamento de farelo e do pátio de triagem para comportar o fluxo ampliado de caminhões.
"É o maior projeto de toda a história da Cocamar. Nosso objetivo é tornar a cooperativa mais competitiva dentro da cadeia da soja", afirmou o presidente executivo da cooperativa, Divanir Higino.
Para a safra 2024/25, a cooperativa prevê receber 2,75 milhões de toneladas de soja, volume que deve subir para mais de 3 milhões de toneladas até 2027. A Cocamar planeja processar pelo menos 50% desse volume em suas fábricas.
Na safra 2023/24 o resultado da cooperativa ficou abaixo do previsto no início do ano, por causa da quebra de safra devido ao clima. A cooperativa previa receber 2,5 milhões de toneladas de soja, mas só recebeu 1,7 milhão de toneladas.
"A safra foi frustrada por problemas climáticos. Tivemos que comprar soja para cumprir os contratos que já tinha fechado. Agora a safra 2024/25 está bem promissora. A expectativa é ter uma safra regular", afirmou Lourenço. Ele acrescentou que, no caso do trigo, a cooperativa recebeu 60 mil toneladas, quando a previsão era receber 140 mil toneladas.
"O balanço não foi fechado mas devemos ter uma queda de 15% a 18% no faturamento em função da redução na recepção de grãos", disse Lourenço. A cooperativa encerrou 2023 com receita bruta de R$ 13 bilhões, e distribuiu sobras (equivalente ao lucro nas cooperativas) de R$ 122,7 milhões.
Apesar do desempenho abaixo do esperado, a Cocamar vai distribuir aos cooperados R$ 169,1 milhões em sobras e outros programas, relativos ao exercício de 2024. A distribuição foi aprovada hoje (11) em assembleia. A Cocamar possui quase 20 mil produtores cooperados, dos quais 70% são de pequeno porte.
Fonte: GR