A empresa brasileira UP2Tech começou a testar seu novo serviço de rastreabilidade de bovinos, o iBoi, em fazendas com conexão 4G de sua parceira TIM no projeto. O serviço, que rastreia a movimentação do gado por meio de brincos e envia dados por geolocalização, foi desenvolvido em dois anos e agora está em fase de testes em duas "Fazendas Conectadas" em Mato Grosso — consideradas exemplos nacionais de conexão — com 4G narrow band IoT da TIM. A conexão é semelhante à utilizada em tornozeleiras eletrônicas.
O produto está perto de estrear no mercado. A novidade é mais um passo de evolução nos esforços de sustentabilidade da pecuária, mas mostra como a evolução depende diretamente da qualidade da conexão das fazendas.
Nos testes, a medição da intensidade do sinal de narrow band (banda estreita) revelou variações significativas. Segundo dados preliminares, dos 78 dispositivos testados, a média de intensidade do sinal — dentro de uma faixa que varia de 0 a 31 — foi superior a 15. Porém, em determinados períodos, chegou a apenas 2 pontos.
Segundo o fundador da UP2Tech, Rodrigo Abreu, o sinal ainda insuficiente em alguns momentos pode ter várias razões, como casos em que os animais possam ter ficado embaixo de árvores, pontes ou outros locais onde o sinal oscilava. Ele sustenta, no entanto, que a média de intensidade do sinal é mais que suficiente para o bom funcionamento do serviço, que realiza dois pulsos por dia para oferecer a localização do animal.
Embora reconheça que seja preciso acesso a uma boa conexão para o funcionamento da tecnologia, Abreu demonstra otimismo com o produto. A UP2Tech pretende submeter o serviço à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no próximo dia 15, e sua expectativa é que o registro que permitirá sua comercialização saia até agosto.
Os brincos desenvolvidos pela empresa têm perfis elétricos similares aos das empresas de telefonia e, em sua versão mais completa, são capazes de mapear os deslocamentos, contar os passos e medir a temperatura do animal e do ambiente em que ele está.
O sistema emite alertas quando os animais deixam as áreas pré-delimitadas e quando o brinco não está mais em contato com o boi — seja de forma acidental ou provocada. As baterias dos brincos, feitas de lítio, duraram até seis meses no caso da versão mais completa do dispositivo, e até um ano no caso dos brincos mais simples.
A companhia espera que a tecnologia viabilize a garantia fiduciária na pecuária. "Hoje você não consegue colocar um boi como garantia fiduciária, então a possibilidade de rastreabilidade seria uma forma de destravar os créditos que temos na pecuária hoje", diz o empreendedor.
A ideia é que o iBoi também faça registros que informem a qual contrato financeiro cada cabeça de gado está diretamente relacionada, servindo como uma garantia da instituição financeira até que o contrato seja quitado.
A UP2Tech aposta no iBoi como seu carro-chefe de incursão no agronegócio, e mantém sua expectativa de que a tecnologia lhe ajude a alcançar um faturamento de R$ 350 milhões neste ano.
Fonte: GR