Nesta terça-feira (14/5) começa oficialmente a colheita da safra de café conilon no EspÃrito Santo, maior produtor da variedade do Brasil. As altas temperaturas preocupam cafeicultores locais por causa da qualidade do grão, que pode ser prejudicada pelo calor extremo.
Em paralelo, o conilon brasileiro vem ganhando espaço internacional desde janeiro deste ano e chega em abril com exportações a regiões produtoras, como Vietnã e Indonésia, que aumentaram em 211% e 119%, respectivamente, as compras do grão brasileiro devido à quebra de safra asiática motivada pela forte estiagem. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (13/5) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Em paralelo, o pontapé na colheita brasileira também mexe com o mercado. Segundo o analista do grão na StoneX, Fernando Maximiliano, o inÃcio de safra de conilon no Brasil vem em um momento único, em um cenário em que há problemas de oferta do grão na Ásia, ao passo que os preços na bolsa de Londres e do mercado interno alcançaram maiores patamares históricos.
"O Brasil tem acumulado volumes expressivos de exportação, já que é o paÃs mais competitivo no mundo do conilon diante desta realidade de clima. E a colheita brasileira começa em um cenário em que existe grande expectativa se o Brasil é capaz de atender toda a demanda internacional e em relação ao rendimento desta safra", alerta o analista à reportagem.
Maximiliano lembra das ondas de calor que atingiram os cafezais capixabas no final do ano passado e que, mesmo com as áreas irrigadas, geraram problemas no potencial produtivo. Segundo ele, relatos de produtores sobre as primeiras remessas de café colhidas eram de qualidade inferior, no entanto isso não significa que essa será a caracterÃstica da safra inteira.
"Para aproveitar a saca de 60 quilos a mais de R$ 1 mil, produtores aceleraram a colheita para comercializar o conilon. Com isso, tivemos mais frutos verdes no mercado, o que mostra impacto na qualidade e acende a luz de alerta para como será a safra 2024/25", acrescenta o consultor.
O futuro da colheita do Brasil, comprovando a qualidade do grão, pode revelar um cenário mais altista para os preços da commodity. A medida que o café for colhido e disponibilizado, se o volume for bom, a tendência é de empurrar os preços para baixo, atenta o especialista.
Fonte: Globo Rural