A trading de grãos Agribrasil encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 20,2 milhões, o que representou uma queda de 58,6% em relação ao mesmo intervalo de 2022. A empresa associou o resultado a um menor volume de comercialização de grãos no período, à queda nos preços do milho e à mudança no mix de produtos.
"O ano passado foi complicado principalmente pela espera nos portos", afirmou o CEO da Agribrasil, Frederico José Humberg, em teleconferência para analistas de mercado.
A receita líquida da companhia no quarto trimestre caiu 30,2%, para R$ 423,5 milhões. O volume operacionalizado foi de 797 mil toneladas no quarto trimestre.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 18,8 milhões, queda de 43,7% na comparação anual. A margem Ebitda atingiu 4,4%, na comparação com 5,5% um ano antes.
O empresário observou que houve melhora no desempenho de exportações com a operação de grãos do Terminal Portuário Santa Catarina (Tesc), em São Francisco do Sul.
Uma nova estrutura de grãos começou a funcionar em julho do ano passado, fruto de um investimento de R$ 215 milhões. "A expectativa era operar 750 mil toneladas, mas acabou fazendo 1,4 milhão de toneladas no segundo semestre", comemorou Humberg.
O CEO disse que a capacidade de expedição no porto pode chegar a 7 milhões de toneladas por ano. "Fizemos 1,4 milhão de toneladas em um semestre. Estamos confiantes de que podemos chegar a 3 milhões de toneladas este ano. E vamos usar outros berços para descarga", afirmou Humberg.
O executivo acrescentou que as margens estão menores neste ano, mas que a empresa trabalha principalmente com grandes fornecedores e cooperativas, como Coamo, Cocamar, Lar e Integrada, que têm conseguido lidar melhor com a queda nos preços das commodities em comparação com produtores de pequeno e médio portes.
Questionado sobre o interesse em fazer uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações na B3, Humberg disse que espera a abertura de uma janela de oportunidade no mercado de capitais para avaliar abrir o capital. Ele observou que há mais de dois anos e meio o mercado de capitais se fechou no Brasil para os IPOs.
No ano de 2023, a Agribrasil reportou lucro líquido de R$ 1,2 milhão, ante R$ 118,5 milhões, uma queda de 99% em relação ao ano anterior.
O resultado incorpora despesa de R$ 18,8 milhões com amortização de mais valia da aquisição do Tesc. Excluindo esse efeito, o lucro teria sido de R$ 20 milhões.
A empresa associou o resultado à queda no volume transacionado de grãos, à mudança no mix de produtos e à queda nos preços do milho, que provocaram uma retração expressiva na receita. A empresa observou, no entanto, que conseguiu manter margens positivas e que apresentou recuperação no desempenho ao longo do segundo semestre, após um primeiro semestre de atuação "conservadora".
A receita líquida no ano atingiu R$ 2,1 bilhões, o que representou uma queda de 47,6% em relação a 2022. No período, a companhia comercializou 1,3 milhão de toneladas de milho, abaixo das 1,5 milhão de toneladas no ano anterior.
Em soja, foram negociadas 200 mil toneladas, ante 693,5 mil toneladas em 2022. No ano, os preços do milho caíram 21%, para média de R$ 1.223 por tonelada. O preço médio da soja subiu 9%, para R$ 2.580 a tonelada.
O Ebitda no ano atingiu R$ 59,5 milhões, com queda de 62,9%. A margem Ebitda baixou para 2,8%, versus 6% no ano anterior.
A empresa salientou que esse resultado não inclui o Ebitda do Tesc. Se fosse incorporada a fração do Ebitda do Tesc proporcional à participação da Agribrasil ao seu balanço, a empresa teria um Ebitda de R$ 105 milhões.
De acordo com a Agribrasil, o Tesc registrou em 2023 receita líquida de R$ 198,2 milhões, alta de 2,2%. O Ebitda ajustado alcançou R$ 88,3 milhões, crescimento de 33,8%. O lucro líquido foi de R$ 17,6 milhões, em queda de 12%.
Fonte: Globo Rural