Pesquisadores ajudam rebanhos a reduzir emissões de gás metano na atmosfera; veja soluções aplicadas

Por Redação em 29/04/2022 às 15:54:06

Instituto de Zootecnia trabalha animais melhorados geneticamente e novas técnicas de alimentação para o gado. Rebanho em pastagem no Brasil



A emissão do gás metano pelo gado é um recorrente quando o assunto é agro e sustentabilidade. O gás liberado pelos animais, caso em excesso, contribui para o aquecimento global, o que coloca ambientalistas e pecuaristas em constante debate.

Pesquisas realizadas pelo Instituto de Zootecnia (IZ), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, têm o objetivo de reduzir a emissão dos gases favorecendo o meio ambiente ao mesmo tempo em que não comprometem a qualidade e o bem-estar do rebanho.

Esses métodos de redução podem envolver desde a seleção de animais que liberem menos metano ou que ganhem peso com mais facilidade, até mudanças na dieta do gado.

Origem do metano

A meta do Brasil é reduzir em até 30% as emissões de metano até 2030, conforme acordo firmando em 2021 na COP 26, conferência sobre o clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, o país é o quinto maior emissor do gás.

O metano é resultado de um processo de fermentação anaeróbica (sem oxigênio) nos bovinos, onde bactérias no estômago do animal transformam o resultado desse processo – que é CO2 e hidrogênio – em metano.

Segundo a pesquisadora do IZ e membro da diretoria de gestão estratégica da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Renata Branco, esse processo é natural e importante para a saúde do animal.

"Se houver um acúmulo desse hidrogênio no ambiente ruminal, vai ter uma acidificação, o que fere a parede do rúmen."

Equipamento usado pelo Instituto de Zootecnia para selecionar animais com melhor eficiência alimentar está exposto na Agrishow 2022 em Ribeirão Preto, SP

Giovana Arduino/g1

Porém, o Instituto de Zootecnia trabalha com alternativas que visam a redução desse metano, sendo o melhoramento genético dos animais uma delas.

"Se a gente aumentar peso e a fertilidade dos animais, a gente consegue diminuir o tempo de abate liberando essa área para mais animais que vão crescer mais rápido e vão produzir proteína mais rápido", explica Branco.

O IZ também tem um equipamento que seleciona animais que consomem menos, mas que têm o mesmo ganho de peso, portanto, emitindo menos metano depois do processo de fermentação.

Além desse melhoramento genético, existe a manipulação do rúmen ou da fermentação ruminal, com uso de aditivos, óleos essenciais, tanino e outros tipos de bactérias de levedura, mudando assim a intensidade de emissão de metano sem comprometer a saúde do animal.

"A gente não alimenta o animal, a gente alimenta a bactéria. É um resíduo da bactéria que é usado para o animal como fonte de gordura", complementa a pesquisadora.

Alimentação melhorada do gado ajuda no processo digestivo dos animais

Érico Andrade/g1

Outra solução é a mudança genética das plantas das quais o gado se alimenta, o que inclui a integração da pecuária e da lavoura, como a pastagem consorciada.

"Usamos leguminosas que têm um alto poder de fixação biológica e aí diminui o uso de fertilizantes nitrogenados. Com isso, além de termos um solo melhor, a digestibilidade tanto do capim da forrageira que a gente usa quanto da leguminosa são melhores."

Processo naturalmente sustentável

Para Renata Branco, a maior questão sobre o metano na pecuária é a falta de informação.

"Não existe nada mais sustentável que um animal comer uma pastagem passada e uma pastagem seca e produzir proteína de alto valor biológico", explica a pesquisadora.

No ciclo do metano, após liberado, ele fica na atmosfera por até dez anos e ele retorna novamente para a forragem para outras culturas no processo de fotossíntese, o que depois vira alimento para o próprio animal.

"É claro que o gado emite metano, mas existe um sequestro. E o que a gente quer é aumentar o sequestro para que haja neutralidade climática. Então a gente quer ser zero, mas a pecuária já é sustentável."

Fonte: G1

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