Combate a dengue

Planalto cancela reunião com caminhoneiros após aviso envolver nome de ministros

Por Redação em 26/10/2021 às 08:45:01

O envolvimento de nomes de ministros em uma reunião com caminhoneiros que aconteceria nesta semana no Palácio do Planalto fez a Secretaria de Governo da Presidência (Segov) cancelar o encontro, até então previsto para acontecer na quinta-feira, 28. O imbróglio começou após o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) divulgar à imprensa que os ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), participariam da reunião, organizada pela Secretaria Especial de Articulação Social (Seas) da Segov.

O encontro foi pedido pela Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, presidida por Crispim, para tratar da política de preços de combustíveis. O deputado tem se apresentado como um potencial interlocutor entre o governo e os caminhoneiros, que declararam 'estado de greve' no último dia 16 e prometem paralisar o País a partir de 1º de novembro caso o Executivo não atenda às reivindicações da categoria. A ameaça, por sua vez, é minimizada por integrantes do governo, que também não reconhecem em Crispim uma representatividade expressiva para agir como interlocutor na causa.

Ainda na sexta-feira, 22, o Ministério da Infraestrutura negou que Tarcísio e Nogueira estariam presentes no encontro. A Seas chamou entidades dos caminhoneiros para a reunião, mas o convite, o qual o Broadcast obteve acesso, não mencionava a presença dos dois auxiliares do presidente Jair Bolsonaro. No convite por e-mail encaminhado à diretoria do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), a secretaria apenas citava que seriam convidados a Casa Civil e o Ministério da Infraestrutura.

Segundo apurou o Broadcast, o fato de o deputado ter incluído o nome dos ministros na pauta sem as confirmações incomodou integrantes do governo, tendo como consequência o cancelamento da reunião na Segov. Ao avisar os participantes por e-mail de que a agenda não iria mais ocorrer, a secretaria destacou o problema.

"Em razão das notícias veiculadas na imprensa de que a reunião seria realizada com a participação de ministros de Estado, o que não se coaduna com o convite enviado, esta Secretaria Especial de Articulação Social informa o cancelamento da reunião do dia 28/10/2021", escreveu.

O cancelamento não foi bem recebido pelas lideranças de caminhoneiros que buscavam discutir suas demandas com o governo antes da paralisação marcada para a próxima segunda-feira, caso o governo não atenda às reivindicações da categoria. Os pedidos incluem cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, mudança na política de preço da Petrobras para combustíveis e aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição, entre outros.

Representantes dizem que estavam dispostos a debater e até mesmo "flexibilizar" a pauta com o governo. Agora, lideranças afirmam que não irão solicitar nova reunião com o Executivo. "O que tínhamos de fazer já fizemos pois já notificamos eles. Eles estão virando as costas para a categoria", afirmou à reportagem o presidente do CNTRC, Plínio Dias, que está à frente do movimento junto com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e com a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava).

Petrobras

Mais cedo, na manhã desta segunda-feira, Crispim confirmou a informação do cancelamento da reunião ao Broadcast Agro e negou que a Frente ou as lideranças tenham divulgado informações em relação à reunião. Contudo, na sexta-feira, o deputado compartilhou nota na qual se afirmava que, em resposta a ofícios da Frente, o Palácio do Planalto havia convidado lideranças da categoria para reunião no dia 28. Questionado novamente, o deputado confirmou a divulgação da nota.

Nesta segunda, Crispim afirmou também que outra reunião das lideranças de caminhoneiros, desta vez com a Petrobras, está mantida para amanhã, 26, às 16h. As lideranças serão recebidas pela diretoria de Relacionamento Institucional e Externo da companhia, segundo o deputado.


Fonte: Estadão

Comunicar erro

Comentários