Fome atingiu 19 milhões de pessoas no Brasil no fim de 2020, aponta pesquisa

Por Redação em 05/04/2021 às 22:16:08


A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 24 de dezembro de 2020, com moradores de 1.662 domicílios urbanos e 518 domicílios rurais das cinco regiões brasileiras, e considerava o período de três meses anteriores à entrevista. Naquele momento, o valor do auxílio emergencial já tinha sido reduzido pela metade (de R$ 600 mensais para R$ 300 mensais).

Isso significa, portanto, que os resultados ainda não captam o período dos três primeiros meses de 2021, quando houve apenas o pagamento residual das últimas parcelas de 2020 do auxílio emergencial — a nova rodada do benefício só começa a ser paga nesta terça-feira (6), com valores menores (R$ 150, R$ 250 e R$ 375, dependendo da família).

Os dados mostram que a fome é mais frequente com renda familiar per capita menor e não aparece nos domicílios com renda familiar mensal acima de um salário mínimo por pessoa. A pesquisa mostra ainda impacto de gênero e raça na frequência de insegurança familiar: os percentuais são maiores nos lares chefiados por mulheres e pessoas pretas ou pardas.

“Com a diminuição do auxílio emergencial e a falta de clareza sobre quem irá, de fato, recebê-lo, o país deve persistir num grave quadro de insegurança alimentar. A forma com que os governos vêm lidando com as crises econômica e política dos últimos anos, sobreposta à pandemia da covid-19, gerou impactos negativos profundos no direito humano à alimentação adequada e saudável do povo brasileiro”, alerta a médica epidemiologista Ana Maria Segall, pesquisadora da Rede Penssan.

Na avaliação de Francisco Menezes, analista de Políticas e Programas da ActionAid, a situação da fome piorou ainda mais no início de 2021. “É urgente conter essa escalada. Não se pode naturalizar essa questão como uma fatalidade sobre a qual não se pode intervir”, destaca ele.”

Fonte: Valor

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